Título: Índice de extrema pobreza cai pela metade no Brasil
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 30/08/2007, Brasil, p. A6

Entre 1990 e 2005, o índice de brasileiros vivendo na extrema pobreza caiu de 8,8% para 4,2% da população, de acordo com dados do relatório do programa Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM), divulgado ontem. O resultado significa que 4,7 milhões de pessoas deixaram de viver com o equivalente a R$ 40 por mês (valores de 2005). O relatório, que está na terceira edição, é elaborado pela Presidência da República e Organização das Nações Unidas (ONU).

O ODM foi lançado em 2000, durante a Cúpula do Milênio das Nações Unidas. Na ocasião, 189 países fixaram oito objetivos. O primeiro deles é erradicar a extrema pobreza e a fome. Para alcançá-lo, a meta estipulada para o período entre 1990 e 2015 é reduzir pela metade a proporção da população com renda inferior a um dólar PPC (paridade do poder de compra) por dia. Trata-se de indicador global usado para eliminar a diferença de preços entre os países - em 2005, um dólar PPC por dia equivalia a R$ 40 por mês, o que configura situação de extrema pobreza.

Baseado em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAD), o estudo mostra que, levando em conta o dólar PPC, o Brasil alcançou antecipadamente a meta proposta pela ONU. No entanto, ainda há 7,5 milhões de brasileiros vivendo em pobreza extrema e o Brasil se propôs a reduzir esta condição em 75% até 2015.

Usando como parâmetro o salário mínimo, a taxa de pobreza extrema caiu de 28% para 16% da população e a de pobreza, de 52% para 38%. No Brasil, a pobreza extrema equivale a um quarto de salário mínimo de renda per capita mensal e a pobreza, meio salário salário - respectivamente, R$ 89,60 e R$ 179,21 em 2005.

O estudo também aponta queda nos padrões de desigualdade entre 2001 e 2005. Enquanto a renda dos 10% mais pobres cresceu a uma taxa anual de 9,2%, a dos 10% mais ricos caiu 0,4% por ano. O coeficiente de Gini, um dos índices de desigualdade mais utilizados no mundo, atingiu 0,566 em 2005, após uma trajetória ascendente que começou em 2001. Até então, oscilava em torno de 0,595, o que, segundo o estudo, mantinha o Brasil entre os países mais desiguais do mundo. O Gini varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de zero, menor é a desigualdade.

Outra constatação é a queda na desnutrição em crianças menores de um ano, de 10,1% em 1999 para 2,4% em 2006. No entanto, o documento aponta que a fome e a desnutrição constituem "um desafio ainda a ser vencido".

Os outros sete objetivos do programa são garantir educação básica de qualidade para todos, promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres, reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde das gestantes, combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças, garantir a sustentabilidade ambiental e estabelecer parcerias para o desenvolvimento.

Em relação à meta de "garantir que crianças de ambos os sexos terminem um ciclo completo de ensino", o Brasil praticamente já atingiu, com a universalização da educação para crianças entre 7 e 14 anos, subindo de 81,4% para 94,5% aquelas que vão à escola. (Agências noticiosas)