Título: Petros tem ganho de 9,91% e foca em ativos reais
Autor: Vieira, Catherine
Fonte: Valor Econômico, 21/08/2007, Finanças, p. C10

A Petros, fundo de pensão dos petroleiros, quer aplicar cada vez mais em ativos reais, sobretudo ligados ao setor de infra-estrutura. No primeiro semestre do ano, o segmento de renda variável - no qual estão as ações e os fundos de private equity, ou seja, os chamados ativos reais - rendeu ganho de 18,6% e foi o principal responsável pelo rendimento total consolidado de 9,91% que a carteira de investimentos alcançou nos primeiros seis meses de 2007. Neste mesmo período, a meta atuarial da Petros, medida por IPCA + 6%, variou 5,2% enquanto o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) variou 6%.

"Nossa rentabilidade foi boa, mas precisamos buscar oportunidades, nossa carteira ainda tem muitos títulos públicos, cerca de 50%", diz Wagner Pinheiro, presidente da Petros. Segundo ele, há cerca de quatro anos, o fundo tinha 75% em papéis do governo e, embora esse percentual esteja caindo, é preciso diversificar mais. "Com a queda da taxa de juro, a economia entra num ciclo contínuo de crescimento e o que vai refletir isso são os ativos reais, principalmente na área de infra-estrutura", completa ele.

Para Pinheiro, as áreas de portos e o setor de energia estão entre os mais promissores para investir. "O país precisa de muito investimento nessas áreas e queremos aproveitar essas oportunidades. O setor em que mais investimos nos últimos anos foi o de energia, direcionamos mais de R$ 1 bilhão para essa área", diz.

Com o resultado do primeiro semestre, a Petros já atingiu patrimônio de R$ 34,1 bilhões. Outra etapa vencida na primeira metade do ano, lembra o dirigente do fundo, foi a conclusão das negociações para o Plano Petros 2, ao qual poderão aderir os funcionários que ingressaram na Petrobras desde 2002, que estavam sem plano, por conta de uma extensa negociação entre os petroleiros e a companhia. Segundo Pinheiro, a Petros já recebeu adesões de mais de 14 mil participantes ao novo plano, cerca de 64% do público elegível. "Com isso, estamos com cerca de 110,3 mil participantes no total e devemos voltar a ser o segundo maior fundo de pensão do país, não só na carteira de investimentos, mas também em número de pessoas", afirma.

Com o resultado do primeiro trimestre e o acordo que resultou na abertura do plano 2, o déficit também caminha para ser equacionado, segundo Pinheiro. "No primeiro semestre tivemos um superávit financeiro de R$ 1,22 bilhão e o déficit atuarial do conjunto dos planos administrados é de R$ 1,64 bilhão, enquanto o do plano da Petrobras é de R$ 2,45 bilhões, ou seja, os demais planos são superavitários", explica o dirigente. "Além disso, o acordo entre a FUP e a Petrobras que está em fase de assinatura, vai incluir a solução para o déficit", completou.

Embora o maior ganho da carteira da Petros seja na renda variável, a maior parte dos recursos, cerca de 61%, ainda está alocada na renda fixa. O segmento alcançou ganho de 6% no semestre por conta de uma parcela grande da carteira que é correspondente a NTN-Bs recebidas como pagamento de uma dívida e que rendem somente a variação da meta atuarial. "Sem as NTN-Bs, o ganho total do primeiro semestre seria de 12,3%, além disso o segmento de FIDCs rendeu 7,7% e o de fundos terceirizados de renda fixa, 6,4%", explica Pinheiro.

Já as participações imobiliárias deram ganho de 9% ao fundo de pensão na primeira metade do ano. Para o presidente da Petros, apesar dos prognósticos positivos para o setor, a estratégia daqui para frente é investir em ativos financeiros com lastro imobiliário e não mais diretamente nas participações. "O investimento direto nos imóveis exige muita gestão e não temos essa expertise", conclui.