Título: Presidente faz 1ª reunião com Jobim e Mangabeira
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 30/08/2007, Política, p. A8

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, respeitando o "regime biológico quadrimestral de seu governo", segundo palavras de um de seus ministros mais próximos, reúne hoje todo o ministério para afinar o discurso de governo e colocar sua extensa equipe - 36 ministros - a par das principais ações governamentais. O encontro está marcado para a Granja do Torto e deve durar quase todo o dia. "Eventos desse tipo são importantes para gerar um clima de coesão na máquina pública federal", defendeu um dos ministros palacianos.

Essa será a primeira reunião ministerial após a entrada de Nelson Jobim, Mangabeira Unger e Pedro Brito para a Esplanada. Depois da fala inicial do presidente, caberá ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, expor os números gerais da economia brasileira. Será a mesma apresentação feita por Mantega aos integrantes da coordenação política e aos presidentes e líderes de partidos da base aliada. Mantega vai reiterar que, apesar das turbulências externas, suaves nos últimos dias mas não estão totalmente debeladas, o Brasil tem um solidez fiscal consolidada o suficiente para não ser afetado por crises externas.

Uma diferença concreta dos públicos das intervenções anteriores feitas por Mantega para esta: o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, estará na reunião. Banco Central e Fazenda, depois da chegada de Mantega, têm divergido sobre o ritmo da queda dos juros e a definição das metas de inflação, parâmetros da economia mais sensíveis a choques externos. Mantega vai frisar que não existem razões para mudanças profundas nos rumos da economia brasileira.

Depois da explanação de Mantega, será a vez da chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff, fazer um balanço sobre o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Em meados de setembro, Dilma vai divulgar o balanço quadrimestral do programa, alvo de profundas críticas, especialmente sobre a timidez na velocidade das obras e do empenho/liberação dos recursos orçamentários. A apresentação de Dilma englobará não apenas as obras de infra-estrutura, grande destaque do PAC, como uma avaliação sobre os convênios de saneamento e habitação firmados pelo governo federal com os 26 Estados e o Distrito Federal.

Em seguida, será a vez do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias. Ele adiantará os principais pontos do chamado PAC Social, que será anunciado na próxima semana. Depois do balanço dos programas sociais do governo nos últimos quatro anos, exaltando "a redução dos índices de pobreza e desigualdade", Patrus apresentará os programas para a infância e juventude, além de um projeto específico de identificação de 120 territórios rurais nos quais o índice de pobreza é extremamente agudo. "A intenção é haver uma forte intervenção estatal para reduzir essas desigualdades", confirmou um assessor palaciano.

Por fim, caberá ao ministro da Comunicação, Franklin Martins, a tarefa de convencer alguns setores do governo, avessos ao relacionamento com a mídia, de que a imprensa não é a grande inimiga e que se deve estabelecer limites de relacionamento profissional e civilizado com os veículos de comunicação. (PTL)