Título: Ninguém até agora foi culpado ou inocentado", diz Lula
Autor: Costa, Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 30/08/2007, Política, p. A8

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rompeu ontem o silêncio imposto por ele próprio desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou o julgamento dos envolvidos no escândalo do mensalão. Depois de cinco sessões e trinta e cinco horas de julgamento, os ministros do STF decidiram abrir processo contra todos os acusados, transformando-os em réus. Para Lula, "houve um processo, houve um pedido de indiciamento, houve a aceitação desse indiciamento". O presidente fez questão de destacar que "até agora, ninguém foi inocentado e ninguém foi culpado". E que, agora, começa o processo de cada "advogado fazer a defesa de seu cliente e o processo vai entrar numa rotina normal".

Lula fez questão de rebater qualquer insinuação de que o resultado do julgamento do mensalão seja um julgamento do seu governo, um desfecho que o atingiria pessoalmente. "Eles tentaram, na verdade, me atingir e 61% do povo deu a resposta na eleição do ano passado". O presidente afirma que seus adversários sabem perfeitamente que o processo está transcorrendo no Supremo.

"Eu, ao mesmo tempo, fico assistindo, sem poder dar palpites, nas decisões do STF, e isso tem sido uma prática minha", ressaltou.

Lula repetiu o que têm dito seus principais ministros: o resultado do julgamento do Supremo sinaliza que as instituições brasileiras estão em pleno funcionamento e a democracia está sólida. "Agora o processo começa, quem tiver culpa pagará o preço, quem não tiver culpa será inocentado e quem ganhará com isso será a democracia brasileira".

O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou que "os ministros do STF examinaram as condutas de algumas pessoas e, não, a estrutura de comando do governo ou as políticas econômicas federais dos últimos quatro anos e meio". Com isso, quis dizer que o governo Lula não estava em debate na decisão do Supremo.

"O julgamento não reabre a discussão sobre a legitimidade do mandato do presidente Lula", disse o ministro Tarso Genro, da Justiça. O ministro Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência, por sua vez, afirmou que o governo não está em julgamento e que os eleitores já o julgaram politicamente, ao conceder a Lula um segundo mandato.