Título: País fecha superávit primário recorde
Autor: Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 27/01/2005, Finanças, p. C8

A Argentina encerrou 2004 com superávit primário recorde, mais do que dobrando a cifra de 2003 e superando com folga a meta pactuada com o FMI. O superávit do governo federal atingiu 17,361 bilhões de pesos (US$ 5,95 bilhões), ou 4% do PIB. Segundo o secretário da Fazenda, Carlos Mosse, o resultado obtido no ano passado é o melhor desempenho das contas públicas em várias décadas. A Argentina havia se comprometido a gerar um superávit total de 3% do PIB, sendo que 2,4% corresponderiam ao governo federal e 0,6% às províncias. A cifra foi colocada no acordo com o Fundo depois de duras negociações, já que o organismo queria um superávit fiscal maior e a Argentina alegava que não podia se comprometer com um ajuste mais elevado, sob o risco de inibir o crescimento de sua economia. O resultado provincial de 2004 ainda não foi divulgado, mas calcula-se que a consolidação dos números leve a um resultado positivo próximo de 5%. Em 2003, o superávit do governo federal e das províncias foi de 8,67 bilhões de pesos. Descontando-se o pagamento de juros, o resultado financeiro atingiu 11,66 bilhões de pesos, um salto em relação à cifra de 2003, de 1,80 bilhão. O desempenho foi possível graças à combinação de um aumento na arrecadação com o fato de o país não estar pagando juros da dívida externa com os credores privados. São honrados apenas os compromissos com a dívida emitida depois de dezembro de 2001 e dos débitos junto aos organismos financeiros internacionais. O balanço das contas no ano foi divulgado junto com o resultado de dezembro, quando houve um déficit de 2,063 bilhões de pesos. Segundo Mosse, o déficit foi causado pela adoção de medidas de estímulo ao consumo, como a antecipação do pagamento do décimo-terceiro ao funcionalismo público, aumentos para aposentados, concessão de um abono a beneficiários de um subsídio para desempregados e o adiamento da cobrança do Imposto de Renda. O funcionário afirmou que a situação de dezembro foi excepcional e que as contas devem voltar a ter saldo positivo no mês que vem. A previsão do governo é encerrar este ano com um superávit primário de 3% do PIB, e a previsão oficial de crescimento foi recentemente elevada de 4% para 5,5%. (PB)