Título: Autopeça chinesa limita expansão do setor no Brasil
Autor: Olmos, Marli
Fonte: Valor Econômico, 05/09/2007, Empresas, p. B9

O empresário Luiz Carlos Koch, diretor de uma empresa de fundição, a Lepe, diz que as empresas que abastecem as grandes autopeças e a indústria automobilística têm receio de investir em ampliações para atender ao aumento da demanda porque sofrem com a concorrência chinesa.

Responsável pelo transporte de componentes para as linhas de montagem, a empresa de logística Ceva aumentou a frota de veículos leves para atender casos urgentes

Ambos os casos servem para indicar as dificuldades que a indústria automotiva tem pela frente a prevalecer a tendência de crescimento de vendas. O mercado interno de veículos será este ano 22% maior e o setor já se prepara para crescer mais 8% a 10% em 2008.

No caso das fundições, apontadas pelos dirigentes das grandes empresas da indústria automotiva como um dos possíveis gargalos do crescimento, a queixa se sustenta na decisão das montadoras de estimular as grandes autopeças a importar as peças menores, principalmente da China.

Koch, que também participa da direção da associação que representa o setor, a Abifa, diz que a indústria de fundição trabalhava com queda de vendas no primeiro trimestre, quando as vendas de veículos já registravam crescimento de 12%. "Isso acontecia porque as importações aumentaram muito", afirma o empresário que não refuta a informação das montadoras de que as peças chinesas custam 40% menos.

No comando de uma empresa de 550 funcionários totalmente dedicada a atender a indústria automobilística, Koch diz que trabalha quase no limite da capacidade. "Mas se garantirem que vão comprar nossos produtos, nós investiremos em ampliações", destaca.

A empresa de logística que já é uma testemunha dos gargalos no setor automotivo, a Ceva, fez uma pesquisa com as autopeças, seus principais clientes, e constatou que, além dos problemas com a infra-estrutura, um dos pontos que mais os preocupa são os gargalos.

Essas empresas se mostraram incomodadas com a dificuldade na chegada nos produtos de seus fornecedores. "Além disso, para suprir à necessidade de atender ao crescimento da demanda, essas mesmas empresas estão, segundo responderam no questionário, mais voltadas a investir na produção do que na logística", afirma o diretor automotivo da Ceva, Henrique Ballesteros.

O transporte das peças para as linhas de montagem é feito pelo sistema que a indústria chama de "milk run", uma alusão aos antigos entregadores de leite. Sob o comando da montadora, as carretas passam uma ou mais vezes por dia por diversos fornecedores. Tem sido frequente a Ceva recorrer a parceiros para contar com mais veículos leves, que recolhem as peças que só ficaram prontas depois que a carreta passou.