Título: Brasil teve US$ 6,54 bi em fusões e aquisições em agosto, diz Thomson
Autor: Lucchesi, Cristiane Perini
Fonte: Valor Econômico, 05/09/2007, Finanças, p. C2

Emiliano Capozoli / Valor Ricardo Lacerda, do Citigroup, líder do ranking nos oito primeiros meses do ano: no meio do furação, banco assessorou compra da Pride pela GP Investments O mercado de fusões e aquisições no Brasil continuou movimentado em agosto, apesar da crise de inadimplência das hipotecas de alto risco nos Estados Unidos. No total, foram anunciadas US$ 6,54 bilhões em transações no mês passado, mais do que a média de US$ 4,9 bilhões dos sete meses anteriores, diz a Thomson Financial. Mas, na comparação com os US$ 19 bilhões de agosto de 2006, a queda é de 65%. É importante notar que os números do ano passado foram impactados por uma só operação, a compra da canadense Inco pela Vale do Rio Doce, que, sozinha, significou um volume de US$ 18 bilhões. No acumulado de 2007 até agosto, o total foi a US$ 40,839 bilhões, uma queda de 1,5% na comparação com os oito primeiros meses de 2006.

"A crise de liquidez nos Estados Unidos afeta pouco o mercado de fusões e aquisições no Brasil se continuar contida e não reduzir de forma determinante o crescimento da economia americana", diz Ricardo Lacerda, responsável pelo banco de investimento do Citigroup no Brasil, o líder no ranking da Thomson Financial de operações envolvendo Brasil anunciadas até o mês de agosto. É um salto impressionante: no mesmo período no ano passado, o Citigroup estava na nona posição do ranking.

"O capital não está mais tão abundante e barato, mas isso até facilita as aquisições envolvendo empresas com baixa alavancagem", afirma João Teixeira, vice-presidente executivo do ABN AMRO, o segundo colocado no ranking da Thomson. "É claro que teremos mais seletividade", diz ele, citando a compra do controle da Magnesita pela GP Investments, operação anunciada em agosto com crédito de R$ 560 milhões do ABN. "A Magnesita é um ativo tão bom que faríamos a operação independentemente das condições do mercado", afirma.

Já o Citigroup assessorou a compra das operações de perfuração de poços de petróleo e gás em terra na América Latina da Pride Internacional pela GP e deu garantia firme de US$ 600 milhões, dos quais US$ 150 milhões foram repassados no final da semana passada ao Calyon. "Anunciamos a operação no olho do furação", diz Lacerda.

Segundo o executivo, o volume de fusões e aquisições vinha muito mais forte do que em 2006 no primeiro semestre do ano no mundo todo. Mas, no segundo semestre, "ficou mais devagar". Os grandes fundos de private equity, que vinham realizando gigantescas operações alavancadas, tiveram de pôr o pé no freio. "A crise forçou uma alteração nos preços dos ativos e muita gente preferiu esperar a poeira baixar", comenta João Teixeira, que vê oportunidades de compra para as empresas brasileiras. Lacerda aposta em maior movimento nos setores que dependem do crescimento da economia brasileira, como os de energia, teles, varejo e financeiro.

No ranking de operações concluídas para Brasil da Thomson, o Credit Suisse saiu em primeiro lugar. O Itaú BBA foi o primeiro colocado entre os nacionais no ranking de operações anunciadas e concluídas. "Participamos de três das quatro maiores operações do ano", comemora Jean Marc Etlin, responsável pelo banco de investimento do Itaú BBA.