Título: Securitização de leasing é estudada
Autor: Travaglini,Fernando
Fonte: Valor Econômico, 11/09/2007, Finanças, p. C3

O mercado de leasing continua crescendo acima das expectativas. Dados do primeiro semestre apontam aumento de 60% no valor presente da carteira nos últimos doze meses, para R$ 43,2 bilhões. A velocidade de expansão já fez o Banco Central retomar estudos para viabilizar a securitização das operações de arrendamento.

O BC avalia o tema há alguns anos e segundo o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Leasing (Abel), Rafael Cardoso, a novidade pode sair já no próximo ano. "Hoje já é possível fazer esse tipo de captação, mas os custos são muito altos", diz.

A securitização é uma operação de captação de recursos em que são emitidos títulos baseados na garantia de recebimento futuros dos ativos que lastreiam a operação, neste caso parcelas de leasing. As mudanças necessárias são aperfeiçoamentos contábeis do reconhecimento da receita e do resultado da operação de cessão do arrendamento para a emissão desses títulos.

Com isso, será possível montar um fundo como, por exemplo, um Fundo de Investimento em Direito Creditório (FIDC); ou ainda emitir letras de arrendamento mercantil, a exemplo do que acontece em outros países.

O objetivo é captar recursos para empresas de leasing. O papel poderá ser usado para estruturar operações específicas, seguindo um modelo de financiamento de tipo project finance para projetos de hidrelétricas ou plataformas de petróleo, citou como exemplo Cardoso. Pode também servir para captação geral das arrendadoras.

Assim, lembra o presidente da Abel, além de uma nova forma de captação, esse é um instrumento que possibilita "dividir riscos, alongar prazos e ampliar o leque de opções para o investidor".

Hoje a captação de empresas se dá apenas via debêntures ou pela captação no interbancário. No caso das debêntures, são emitidos papéis mais longos, com prazo acima de dez anos e a taxas mais baixas. A vantagem, diz, é "pagar o principal mais juros mensalmente, casando o fluxo de pagamento com as operações de leasing".

O setor de leasing vive um de seus melhores momentos, segundo dados divulgados pela Abel relativos ao primeiro semestre. Os novos negócios acumularam R$ 20 bilhões nesse período, em 550 mil operações.

Nem mesmo a crise das hipotecas americanas e que afetou os mercados mundiais reduziu o apetite por leasing, apesar de uma leve elevação das taxas de juros. "Houve uma elevação nos juros futuros, que teve impacto pequeno nas taxas cobradas dos clientes, mas não foi suficiente para afetar a produção", avalia.

A previsão de crescimento para o ano se mantém em 30%. Para 2008, o avanço deve ficar entre 20% e 25%. Segundo ele, um dos motivos para o bom desempenho é a forte concorrência do setor, puxando para baixo os custos. Ranking divulgado pela Associação mostra 34 empresas de leasing disputando o mercado.

Ele lembra que operações para grandes empresas, acima de US$ 1 milhão e com avaliação de risco AAA (a maior possível), já atingem taxas de 14% ao ano, comparáveis com os 9% anuais praticado nos Estados Unidos. Para operações de veículos, a taxa ainda é superior, na casa dos 25%.