Título: Chesf confirma presença no leilão do Madeira e estatais se dividem na
Autor: Schüffner, Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 12/09/2007, Brasil, p. A2

As conversas entre grupos interessados na construção da usina Santo Antonio, no rio Madeira, se tornaram mais freqüentes esta semana. A Cemig decidiu aderir ao consórcio Furnas-Odebrecht para disputar a construção da usina, que será leiloada no dia 30 de outubro. E a Chesf confirmou sua presença na disputa e anuncia, na sexta-feira, a composição do seu consórcio. Outros interessados na disputa buscam parcerias com subsidiárias da Eletrobrás.

Ao disputarem a primeira usina do Madeira, as controladas da Eletrobrás vão, pela primeira vez, estar em campos opostos, atuando como "rivais", apesar de terem um mesmo dono. A autorização para essa competição veio do Ministério de Minas e Energia após consulta ao Tribunal de Contas da União (TCU). A Eletrobrás controla Furnas, Chesf, Eletronorte, Eletrosul e Eletronuclear. Até agora essas estatais faziam investimentos obedecendo a uma divisão geográfica. A Furnas cabia as obras do Sudeste, enquanto a Chesf ficava com o Nordeste. À Eletronorte cabia o Norte, onde fica o rio Madeira, e o Sul ficava com a Eletrosul. Já a Eletronuclear foi criada apenas para operar as usinas nucleares.

No Madeira, todas vão competir entre si, tendo diferentes sócios privados. A Chesf divulga até sexta-feira o nome dos sócios que vão participar com ela do leilão. E informa que já tem cinco empresas nacionais e internacionais interessadas em parcerias, sendo "todas com experiência, e com exceção de uma, todos de grande porte", disse da Dilton da Conti, presidente da empresa ao Valor.

Ele admite conversas com a Suez e a Camargo Corrêa, sem revelar o nome dos outros três. Da Conti diz que confia na possibilidade de vencer o leilão, apesar do favoritismo de Furnas. "Time que tem Pelé ganha qualquer jogo, temos história e treinamento além de um quadro de funcionários muito bom", diz da Conti, dizendo que a empresa é "sadia" - lucro de R$ 457 milhões em 2006.

O presidente da Suez Energy e do conselho da Tractebel Energia, Maurício Bähr, aguarda o resultado da chamada pública da Chesf. Ele também negocia com a Eletronorte e a Eletrosul. Segundo Bähr, a presença de uma estatal no consórcio da gigantesca empresa que dirige no Brasil é importante, dada a relevância do projeto. "É uma obra importante para o país e por isso é importante ter um sócio governamental", explica.

A Suez diz que o momento é de otimização do projeto de Santo Antonio e de buscar fornecedores de equipamentos. Isso pode ser um problema para qualquer ganhador que não Furnas e Odebrecht, já que os grandes fabricantes nacionais de equipamentos participam do consórcio.