Título: Cabral reage à aliança entre Garotinho e Maia
Autor: Grabois, Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 12/09/2007, Política, p. A7

Fernando Soutello/AGIF/Folha Imagem - 24/8/2007 Cabral teme desgaste com governo Lula: "Não estou blefando"

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), ameaçou ontem renunciar ao cargo para concorrer à Prefeitura do Rio em 2008, em resposta à aliança oposicionista ao governo Lula do seu partido com o DEM nas próximas eleições municipais.

O pacto eleitoral fechado com o DEM no Estado do Rio deixou Cabral em posição delicada, pois uniu o ex-governador Anthony Garotinho, presidente regional do PMDB, e o prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM), opositores declarados ao governo Lula e ao PT. "Vou para o sacrifício se necessário. Não estou blefando. Deixo o governo e disputo para ganhar a Prefeitura do Rio", afirmou Cabral, durante a inauguração de uma ponte no município de Campos dos Goytacazes (RJ).

O vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, disse que a alternativa começou a ser debatida no domingo passado. "Se as eleições fossem amanhã, a estratégia seria essa. Estou pronto para governar o Rio", disse o vice-governador, que participava do mesmo evento.

O governador do Rio teme que o acordo do PMDB com o DEM interrompa a parceria que mantém com o governo federal. "O problema não é a aliança com o DEM, o problema é a exclusão do presidente Lula. Isso, o governador não admitirá", disse o secretário de governo de Cabral, Wilson Carlos. Segundo o secretário, o governador não pode aceitar uma aliança cujo objetivo fundamental é estabelecer oposição ao governo Lula e ao PT. Antes, Cabral chegou a manter diálogo com o prefeito Cesar Maia sobre um eventual acordo com o DEM.

Desde que tomou posse, o governador do Rio tem recebido amplo apoio federal em áreas como segurança, infra-estrutura e urbanização. Nos nove primeiros meses de governo, o Estado conseguiu R$ 4 bilhões do governo federal. No PT local, havia a expectativa da formação de alianças para as eleições do ano que vem em pelo menos 35 municípios do Estado do Rio.

"Não vou brigar com o presidente Lula. Ele é meu parceiro político e administrativo. Fazemos uma aliança que tem dado certo no Rio de Janeiro. Tudo que for feito na direção contrária a isso, eu não farei", disse Cabral, ontem, depois de participar do lançamento da pedra fundamental de uma siderúrgica da Votorantim Metais, em Resende (RJ).

Na segunda-feira, o ex-governador Anthony Garotinho afirmara que o objetivo do acordo com o DEM era fazer oposição ao PT. Garotinho planeja voltar ao Palácio Guanabara e anunciou que almeja concorrer em 2010 para o governo do Estado. O ex-governador e sua mulher, a ex-governadora Rosinha Matheus, estão inelegíveis por decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) por três anos porque prometeram pavimentar ruas na cidade de Sapucaia em troca de votos. O casal ainda pode recorrer da decisão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A aliança DEM-PMDB no Rio para 2008 prevê um candidato do DEM para a capital e candidatos do PMDB para a maior parte das cidades do interior. Em 2010, o DEM oferece apoio ao candidato do PMDB para o governo do Estado e lança Maia ao Senado. (Com agências noticiosas)