Título: Integração com o cidadão
Autor: Oliveira, Noelle
Fonte: Correio Braziliense, 13/01/2011, Cidades, p. 30

Empossado pelo governador Agnelo Queiroz, comandante da Polícia Militar afirma que postos de segurança comunitários serão mantidos, mas com novo perfil. Edital para a seleção de mais PMs começará a ser estudado nos próximos seis meses Adaptados a um novo modelo de gestão, 14 postos comunitários de segurança serão instalados no Distrito Federal. Empossado na tarde de ontem, o novo comandante da Polícia Militar do DF (PMDF), coronel Paulo Roberto Witt Rosback, afirmou que a implementação dessas unidades será feita para honrar um convênio firmado entre a gestão Rogério Rosso (PMDB) e o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) do Ministério da Justiça. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) não divulgou, no entanto, o prazo em que os postos serão abertos. Com isso, serão 139 unidades no DF, menos da metade dos 300 previstos pelo ex-governador José Roberto Arruda (sem partido). ¿Vamos fazer um planejamento estratégico dos 14 postos que faltam já tendo como base uma nova gestão social que se aproxime da comunidade. A implantação dos postos, por sua vez, caberá à Secretaria de Segurança¿, explicou Rosback.

Mais 14 postos de segurança serão instalados para cumprir o convênio com o governo federal De acordo com o comandante, a necessidade de execução do restante do projeto será avaliada pela secretaria. A ideia é que, no novo governo, os postos já instalados passem por uma remodelação a fim de garantir um pronto atendimento. Já a garantia de mais policiais nas ruas do DF virá por meio da ampliação do efetivo. Isso porque, segundo Paulo Roberto Witt Rosback, as atuais escalas em que trabalham os policiais militares não devem ser alteradas. De acordo com ele, existe um estudo no alto comando da corporação para avaliar esse planejamento e o atual modelo de execução do mesmo. ¿Até o momento o padrão é considerado adequado, não devem haver grandes mudanças¿, disse.

A PM conta hoje com cerca de 14 mil homens. No entanto, são poucos os policiais que atuam diretamente no combate ao crime. Desse total, somente a metade cumpre a escala de plantão de rua. Devido à jornada de serviço, que permite ao agente trabalhar um dia e ficar três em casa, apenas 2,6 mil PMs, de fato, estão todos os dias fazendo o policiamento ostensivo, o que representa 18,6% do total. O restante da tropa exerce funções burocráticas dentro dos quartéis, está cedida a órgãos do governo ou trabalha em locais em que a atuação se dá somente em casos específicos, como o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Batalhão de Trânsito (BpTran).

O novo comandante da PM afirma, no entanto, que a meta de contratar mil policiais a cada ano ¿ proposta feita por Agnelo Queiroz durante a campanha eleitoral ¿ será cumprida. A elaboração do texto do plano de governo para a área de segurança contou inclusive com a participação do atual comandante da PM. ¿Já vamos começar a analisar os editais para a seleção de mais policiais esse semestre, já que cada homem demora dez meses para ser formado¿, garantiu Rosback. Atualmente, 1.270 policiais estão em processo de formação pela PMDF.

Operações O governador Agnelo Queiroz (PT) afirmou ontem que devolverá a área do antigo Buritinga, em Taguatinga, para a Polícia Militar do DF. O anúncio foi feito durante a posse do novo comandante da PMDF, coronel Paulo Roberto Witt Rosback. Para tanto, segundo o chefe do Executivo, falta apenas a realocação da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus). ¿Estamos absolutamente confiantes, teremos um comandante experiente e faremos da defesa da segurança do cidadão um exemplo de profissionalismo. Para ajudar nesse processo estamos entregando essa área à PM¿, disse Agnelo.

Segundo o novo comandante da PMDF, como ações prioritárias, a segurança da capital deve contar com o fortalecimento das operações policiais neste início de governo. As mesmas serão realizadas, principalmente, em áreas de risco, elencadas de acordo com as últimas estatísticas da PM. Na área central da cidade será realizada a Operação Carrossel. ¿Vamos intensificar o policiamento nesses pontos e fazer um trabalho com a Secretaria de Ordem Pública e Social (Seops) e a Secretaria de Segurança. O tráfico de drogas também será combatido¿, afirmou.

O comandante da PM falou sobre a importância de colocar em ação o planejamento de integração policial. ¿Vamos traçar metas para serem alcançadas em conjunto com a Polícia Civil, o Departamento de Trânsito e até mesmo com a Polícia Rodoviária Federal.¿

Segundo o novo chefe da Casa Militar, tenente-coronel Rogério Leão, a expectativa é que a interação entre as coorporações prevista no plano de governo de Agnelo Queiroz, ocorram no DF de maneira traquila e produtiva. ¿É uma união promissora e todos os segmentos estão empenhados nesse sentido, pois conhecem profundamente o plano de governo proposto. A expectativa é a melhor", destacou.

MEMÓRIA Proposta questionada

Apontada como uma solução para diminuir a criminalidade na capital da República, a instalação de postos comunitários de segurança foi a principal aposta da gestão de José Roberto Arruda (sem partido). O objetivo do ex-governador com os postos era manter a polícia mais perto da comunidade. A meta era instalar 300 unidades, equipadas com viaturas, motocicletas, rádios transceptores e computadores, com custo médio individual de R$ 100 mil. Apesar de uma grande parte dos postos estar em funcionamento, a iniciativa foi questionada pelos candidatos que disputaram as eleições ao GDF em outubro passado. A principal crítica ao projeto é o fato de os agentes não poderem deixar a base para atender as ocorrências, além da falta de pessoal e de infraestrutura para realizar o trabalho com qualidade.

O coronel Paulo Roberto Witt Rosback ingressou na Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) no ano de 1987, oriundo do Exército. No início da carreira, atuou no 1º Batalhão e em seguida serviu no Batalhão Escolar. Já trabalhou em 11 unidades da PMDF, destacando-se nas atuações à frente dos batalhões de Sobradinho e de Planaltina. Antes de assumir o comando da corporação, estava lotado no Centro de Inteligência da PMDF. Ele também integrou a equipe de segurança pessoal do ex-governador Cristovam Buarque, assim como o grupo que fez a segurança de Agnelo Queiroz durante a campanha eleitoral. Nas duas oportunidades, o coronel licenciou-se do cargo e tirou férias. Gaúcho de Alegrete, casado e pai de três filhas, o coronel Rosback afirma ter como meta ¿fortalecer o trabalho em equipe dos integrantes da PMDF e com isso proporcionar um serviço de excelência à sociedade do Distrito Federal¿.

Prioridades

» Investir em logística com a obtenção de novas viaturas, equipamentos e instalações; e também fortalecer a política do policiamento comunitário em um trabalho integrado com a Secretaria de Segurança Pública (SSP).

» Aumentar o efetivo da PMDF, com novos concursos para praças e oficiais. Também será desenvolvido um trabalho de preparação para os policiais militares que ingressarão na reserva, com o intuito de ajudar na qualidade de vida e adaptação à nova realidade.

» Intensificar as operações policiais nas áreas de risco do DF, elencadas de acordo com as estatísticas da corporação. Intensificar a Operação Álcool Zero.

» Combater o tráfico de drogas em toda a unidade da federação, por meio de ações como a prisão de traficantes e o mapeamento e fechamento de bocas de fumo.

» Colocar em ação a Operação Carrossel na área central da capital, a fim de promover a intensificação do policiamento e desenvolver ações em conjunto com a Secretaria de Ordem Pública e Social (Seops) e a Secretaria de Segurança Pública.

» Manter a relação de parceria entre a PMDF e o Entorno.

» Instalar os 14 postos comunitários que faltam para cumprir o convênio firmado entre o GDF e o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), com uma proposta de gestão diferenciada para as unidades.

Problemas

» A cada cinco minutos é registrado um crime no Distrito Federal.

» Do efetivo de 14 mil homens da Policia Militar, apenas 2,6 mil atuam diariamente nas ruas, o equivalente a 18,6%. Um total de 7 mil integram a escala que prevê um dia de trabalho e três de folga. Os outros 50% da tropa exercem funções burocráticas.

» De janeiro a junho do ano passado, 1.418 veículos foram roubados no Distrito Federal. No mesmo período de 2010, foram 1.582, um crescimento de 11,5%. Foram registrados em 2010, 336 homicídios, 24 latrocínios, 261 roubos com restrição de liberdade, 241 estupros e 609 prisões por tráfico de drogas, além de outros crimes de menor potencial ofensivo.

» Cerca de 40 postos comunitários de segurança estão armazenados em um depósito, na Área de Desenvolvimento Econômico de Águas Claras. Cada unidade custou R$ 110 mil aos cofres do governo e até hoje não foi instalado.

» A criminalidade entre menores de idade é crescente no DF. Em 2005, eram 280 menores internados. Atualmente, são 684 nos quatro centros de internação, um aumento de 144% em cinco anos.