Título: Queda do dólar derruba preços no atacado
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 28/01/2005, Brasil, p. A6

O resultado do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) de janeiro confirmou mais uma vez a divergência de comportamento dos preços no atacado e no varejo: o IPA teve alta de apenas 0,2%, com desaceleração tanto nos preços agrícolas como nos industriais, enquanto o IPC subiu 0,8%, impulsionado em boa parte pelo aumento das mensalidades escolares. Segundo analistas, essa combinação de alívio no atacado e alguma pressão no varejo tende a continuar por mais algum tempo. O economista Fernando Fenolio, da Rosenberg & Associados, avalia que o tombo do dólar finalmente agiu com força no atacado, "principalmente nos preços industriais", que respondem por 75% do IPA. Esse segmento teve alta de 0,35% em janeiro, abaixo dos 0,66% de dezembro. O impacto do dólar barato ofuscou a alta de itens como metalurgia, que aumentou 1,56%, em grande parte devido ao reajuste do preço do aço promovido pelas siderúrgicas no começo do mês. A valorização do câmbio também contribuiu para a deflação de 0,25% do IPA agrícola, variação bem inferior ao 1,2% do mês anterior. O item cereais e grãos caiu 2,78%, com o real apreciado sendo o principal fator para a queda de 8,1% dos preços do trigo. O IPC subiu de 0,58% em dezembro para 0,8% em janeiro em grande parte por fatores sazonais, como o aumento de mensalidades escolares e alimentos. A economista Ana Paula Almeida, da Tendências Consultoria Integrada, avalia que o indicador deverá arrefecer em fevereiro, já que esses itens devem pressionar menos. O IPC deve ficar na casa de 0,55% em fevereiro, estima ela. Mas a boa notícia do IGP-M foi o comportamento dos preços no atacado, em especial dos industriais. "É um sinal positivo, porque reduz pressões sobre os preços ao consumidor nos próximos meses", diz Ana Paula. Para o IGP-M de fevereiro, a LCA Consultores projeta uma variação semelhante ou um pouco maior que a alta de 0,39% registrada em janeiro.