Título: IGP-M recua para 0,39% no mês
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 28/01/2005, Brasil, p. A6

No dia em que o Banco Central surpreendeu o mercado divulgando uma ata de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) com ameaças de mais aumentos da Selic para conter a inflação, a taxa medida pelo IGP-M de janeiro caiu para 0,39% ante 0,74% em dezembro, a menor desde outubro de 2003. O número ficou aquém da expectativa do mercado, que era de 0,60%. O economista Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), atribuiu o recuo do IGP-M à deflação de 0,55% no preço dos combustíveis e lubrificantes, cujos preços no atacado subiram 2,14% em dezembro.

Sua expectativa para os próximos meses é que o IGP-M deve voltar a apresentar variações menores influenciado pelo dólar mais baixo. Os analistas do mercado projetam para este ano IGP-M na casa dos 6%, próximo do IPCA, de 5,8%. Em janeiro, segundo Quadros, a inflação dos IGPs não sofreu mais o efeito das fortes influências que ocorreram nos últimos dois meses, por conta dos reajustes da gasolina e do diesel, que são preços administrados pela Petrobras. Além da diluição desses impactos, houve redução nos preços do óleo combustível e do querosene de aviação. Estes dois produtos têm seus preços alterados mensalmente em paridade com as cotações no mercado internacional. A apreciação do real também colaborou para esta boa performance, influindo principalmente no desempenho do Índice de Preços do Atacado (IPA), que baixou de uma variação de 0,81% em dezembro para 0,20% neste mês. Segundo Quadros, o dólar mais baixo segurou preços industriais com tendência de alta, como os dos produtos metalúrgicos. Por conta disso, os preços industriais encolheram para 0,35% de variação, ante 0,66% em dezembro. O grupo ferro, aço e derivados registrou inflação de 1,61% no atacado industrial. Isoladamente, as chapas grossas de aço tiveram alta de 6,56% ante variação zero em dezembro. Foram algumas das maiores influências sobre o comportamento do IPA no mês. Este aumento indica novos reajustes de preços por parte das siderúrgicas. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu em janeiro 0,80%, depois de variar 0,58% no mês passado. Os grupos que mais contribuíram para esta aceleração do varejo foram alimentação e educação, leitura e recreação. Matrículas e mensalidades escolares subiram em média 2,23%. Os alimentos pularam de 0,24% em dezembro para 1,09%, com destaque para hortaliças, legumes, decorrentes de variações climáticas. Na avaliação do economista Eduardo Marques, da área de macroeconomia do Banco Opportunity, este aumento do IPC superior ao do IPA em janeiro não está sinalizando movimento de repasse de preços do atacado para o varejo. É um fenômeno sazonal. "Hoje, temos uma preocupação menor com o potencial de repasse da indústria para o varejo, pois boa parte da diferença de evolução de preços entre indústria e varejo está localizada nos bens intermediários (insumos industriais, como aço) e boa parte das altas que ocorreram já foi repassada para os bens de consumo, que por sua vez já as repassaram ao varejo", observou o economista.