Título: Rendimento médio tem alta de 1,5% e serviços passam a ter o melhor salário
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 28/01/2005, Brasil, p. A7

Apesar da tímida recuperação, o rendimento médio real caminhou na mesma direção do emprego e mostrou o primeiro crescimento após seis anos seguidos de retração. Para os ocupados na região metropolitana de São Paulo, categoria que engloba tanto assalariados quanto autônomos, o rendimento médio real do ano de 2004 ficou 1,5% maior e passou a valer R$ 1.015. Para os assalariados o aumento foi de 1,2%, o que resultou em R$ 1.076. Mesmo com tal melhora, os dados de rendimento estão entre os piores resultados da pesquisa e só perdem para o ano de 2003, considerado o fundo do poço para o mercado de trabalho. Em 2004, o rendimento médio real dos ocupados ficou 25,4% menor do que o de 1999, por exemplo. Fato inédito ocorreu no setor de serviços, onde a renda média real cresceu 1,5% e chegou a R$ 1.152, ultrapassando o valor pago na indústria - ramo que tradicionalmente tem os postos com melhores vínculos empregatícios e salários. Para Patrícia Lino Costa, técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), a terceirização de trabalhos na indústria fez com que profissionais migrassem para o setor de serviços, o que acaba por incrementar o rendimento do setor. É o caso, por exemplo, de uma indústria que contava com uma consultoria técnica dentro da empresa e passou a contratar serviços de terceiros. O setor com o maior incremento na renda foi o da construção civil, no qual a alta foi de 6,1% e o rendimento dos ocupados chegou a R$ 1.044. Em seguida ficou o comércio, com elevação de 2,5% Apesar de tal movimento, esse ainda é o setor com menores salários, pois o rendimento médio está em R$ 807. No ramo industrial, o rendimento encerrou 2004 valendo R$ 1.137, alta de 0,5% sobre 2003. A massa de rendimentos dos ocupados, que congrega o número de ocupados e o rendimento médio real, cresceu 4,8% entre 2003 e 2004. Esse resultado veio tanto do aumento dos ocupados quanto da elevação da renda. Entretanto, a concentração de renda também ficou maior. Os 60% mais pobres detém 23,3% dos rendimentos, a mesma proporção verificada no ano anterior. Já os 10% mais ricos ampliaram sua participação de 41,8% para 42,1%. Esse movimento ocorreu devido à queda da participação dos que ficam no meio do caminho, que tiveram sua participação na renda diminuída para 34%, disse Sinésio Pires Ferreira, diretor da Fundação Seade. (RS)