Título: Desemprego em SP cai para 18,7% após 3 anos de aumento
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 28/01/2005, Brasil, p. A7

A taxa média de desemprego na região metropolitana de São Paulo caiu para 18,7% em 2004, após bater 19,9% no ano anterior. É o primeiro refresco para o mercado de trabalho após três anos de resultados negativos. Isso foi possível devido ao aumento de 3,3% no nível de ocupação, influenciado principalmente pela ampliação das vagas no setor de serviços. O aumento na ocupação foi o segundo melhor desde 1995, e só perdeu para 2000, quando o crescimento foi de 4,7%. Em dezembro do ano passado, a taxa atingiu 17,1%, menor patamar desde fevereiro de 2000, que foi de 17%. Os dados são da pesquisa de emprego e desemprego (PED) realizada em parceria pela Fundação Seade e Dieese. Em 2004, o ramo dos serviços liderou a criação de postos de trabalho, com 183 mil vagas, em um total de 256 mil - o que representou alta de 4,5%. O desempenho só perdeu para o de 2000, quando a ocupação no setor cresceu 5,3%. Para Sinésio Pires Ferreira, diretor de produção e análise de dados da Fundação Seade, além da recuperação econômica ter aquecido esse setor, o fenômeno da terceirização também foi responsável pela abertura de vagas nos serviços. Muitos trabalhos antes exercidos dentro das indústrias passaram a ser feitos por assessorias e consultorias, que se encaixam no ramo dos serviços. Empatados em segundo lugar na abertura de novos postos ficaram a indústria e o comércio, que criaram 41 mil vagas cada. Para o primeiro setor isso representou uma alta de 2,7%. A expansão na ocupação foi forte nas indústrias de papel e papelão (29,9%), vestuário, calçados e artefatos de tecido (8%) e na química, farmacêutica e plásticos (8,2%). A maior parte das vagas criadas foi com carteira assinada, 31 mil. No entanto, o emprego informal também cresceu, com mais 12 mil postos. No comércio, o nível de ocupação subiu 3,2% e também contou com maior participação do emprego formal - 34 mil de um total de 41 mil vagas. Dentre os setores que se destacaram estão o de comércio em vias públicas, com incremento de 12,6% na quantidade de postos de trabalho; venda de veículos (11,7%) e lojas de varejo, com alta de 9%. Outro dado positivo foi a diminuição, ainda que tímida, da jornada média dos assalariados. Em 2003, ela era de 44 horas semanais e terminou o ano passado em 43 horas. Além disso, houve queda na proporção do número de pessoas que trabalha além da jornada legal, de 44% para 42,8%. Para Ferreira, isso sinaliza que o crescimento da economia foi consistente e animou os empregadores, que em vez de optar por horas-extras - uma medida adotada quando não há grande confiança na recuperação econômica - preferiram gerar novas ocupações. O mercado de trabalho da região metropolitana de São Paulo também ficou mais jovem e feminino. A taxa de participação das mulheres na população economicamente ativa (PEA) passou de 55,1% para 55,5%. Já entre os homens essa taxa ficou estável em 73%. E o desemprego ficou 6,9% menor entre as mulheres e decresceu 8,8% entre os trabalhadores com idade de 25 a 39 anos. Ao mesmo tempo, a taxa de participação das pessoas entre 50 e 59 anos na PEA caiu 2,3%. O resultado disso foi a queda de 5,3% da participação das pessoas analfabetas e aumento de 0,7% para quem tem ensino fundamental completo ou médio incompleto. "A população mais jovem é também mais instruída. O analfabetismo é mais presente entre os mais velhos", explica Ferreira. A pesquisa constatou ainda que em 2004, 65,9% dos ocupados trabalhavam na cidade de São Paulo. Em 1999, esse percentual era maior, de 71,9%. Nesse período, a participação dos ocupados na região do ABC apresentou leve aumento, indo de 11% para 11,8%. Sendo assim, o maior dinamismo na geração de vagas de trabalho tem ocorrido em outros municípios da região metropolitana, como Guarulhos e Osasco, exemplificou o diretor de análise do Seade. O saldo anual é visto como positivo por Ferreira pois além do aumento no nível de ocupação, a maior parte das vagas abertas foram com carteira assinada. "Mas o patamar de desemprego ainda é muito elevado", pondera.