Título: Banda larga 'lenta' cresce com venda de PC e queda no preço
Autor: Moreira, Talita
Fonte: Valor Econômico, 13/09/2007, Empresas, p. B3

A queda nos preços das conexões e o aumento nas vendas de computadores fizeram crescer o número de acessos de banda larga com velocidades baixas no Brasil, durante o segundo trimestre.

O total de acessos em velocidades de 128 quilobits por segundo (kbps) a 256 kbps - as mais baixas do mercado - cresceu 11,5% entre abril e junho, em comparação com igual período de 2006. A conclusão é do estudo "Barômetro Cisco de Banda Larga", encomendado pela companhia americana de tecnologia Cisco à empresa de pesquisas IDC e divulgado ontem.

Segundo o presidente da Cisco no Brasil, Pedro Ripper, o resultado mostra o aumento da adesão das classes C e D aos planos de banda larga. "Percebemos que são pessoas que compraram um PC, usavam a internet em linha discada e agora estão começando a migrar para velocidades um pouco maiores", disse. Um dos fatores para isso foi a queda no preço das conexões nessa faixa de velocidade: 12,4% ante o segundo trimestre do ano passado.

Na outra ponta, houve expansão ainda mais significativa no segmento de pacotes com velocidades superiores a 1 megabit por segundo (Mbps). Nessa faixa, o crescimento foi de 12,5%, também atribuído à redução nos preços - de 30,3% em 12 meses. "São clientes que já tinham banda larga e agora estão optando por acessos mais rápidos", destacou Ripper. Nas velocidades intermediárias, a alta não foi tão relevante.

O país encerrou o primeiro semestre com 6,549 milhões de conexões de banda larga. Houve crescimento de 8,1% frente a março e de 35,9% ante junho do ano passado. O ritmo de vendas foi maior entre abril e junho, quando foram registrados 493 mil novos acessos. No primeiro trimestre, haviam sido contabilizadas 307 mil novas linhas de internet rápida.

Os números não incluem adeptos de acessos à banda larga móvel, estimados em 233 mil pelo IDC. Segundo Ripper, a chegada das operadoras de celular a esse mercado e, especialmente, os investimentos nas redes de telefonia fixa e cabo deverão deflagrar, nos próximos seis meses, uma nova onda de competição no mercado brasileiro.

Assim como ocorreu no ano passado, quando as operadoras de TV a cabo elevaram as velocidades e provocaram uma redução geral de preços, em breve deverão ser vistas no mercado ofertas com mais de 20 Mbps a valores proporcionalmente não muito mais altos do que os cobrados hoje.

Isso deverá começar pelas regiões mais nobres das grandes cidades. No bairro paulistano dos Jardins, por exemplo, a Telefônica está implantando uma rede de fibra óptica - que lhe permitirá vender conexões muito mais rápidas do que as permitiras pela infra-estrutura convencional de telefonia.