Título: Brasil e EUA têm desafios similares para a previdência
Autor: Fariello, Danilo
Fonte: Valor Econômico, 13/09/2007, EU & Investimentos, p. D2

As taxas cobradas na previdência privada tenderão a cair conforme aumentar a maturidade, a competição e a liberalização dos produtos, avalia Edward Johns, diretor-associado para negócios internacionais da American Association Retirement People (AARP), organização americana que luta pelos direitos dos aposentados, com 39 milhões de sócios. Essa é a tendência apresentada por todo o mercado segurador, explica.

Nos EUA, por exemplo, já é possível combinar produtos populares com custos baixos. No ano passado, a associação criou uma outra entidade, a AARP Funds, especializada em oferecer produtos de previdência com taxas abaixo da média dos EUA, de 0,5% ao ano, para investidores que queiram aplicar a partir de US$ 100. O segredo para oferecer produtos mais baratos, além de se tratar de uma instituição sem fins lucrativos, é distribuir apenas planos básicos, conta.

Muitos profissionais do setor de previdência privada brasileiro acreditam que o grande desafio do setor seja explicar produtos tão complexos - a começar pelos nomes PGBL, VGBL, entre outros - para a população. Johns, que veio ao Brasil participar da 4ª Conseguro, diz, porém, que o mercado americano, apesar de maduro, não é tão diferente nesse sentido. "Criamos apenas três tipos de fundos (conservador, moderado e agressivo), porque acreditamos que o tema é muito confuso para o investidor médio e, mesmo assim, atingimos as massas." Com produtos mais básicos, é possível cobrar pouco de muitos, diz.

Segundo Johns, assim como ocorre com o setor de previdência brasileiro, que cresce dois pontos percentuais por ano, muitos americanos ainda estão descobrindo o mercado. "Agora, eles vêem com mais evidência que terão dificuldades em sobreviver no futuro se não guardarem dinheiro agora."

Para ele, a flexibilização das leis do setor no mercado americano - e em muitos países emergentes, como o Brasil -, o crescimento econômico e o envelhecimento da população levam as pessoas a cada vez mais se preocuparem com o futuro. "Qualquer atitude tomada na intenção de guardar dinheiro para necessidades futuras é válida."

Brasil e EUA estão convergindo demograficamente, diz ele. Enquanto cerca de 10% dos brasileiros têm hoje mais de 60 anos, os EUA têm mais de 15%, mas em 2050, mais de 25% do povo de ambos os países terá ultrapassado a fronteira dos 60. "Muitos poderão passar até um terço da vida aposentados e têm de se preocupar com o futuro", diz Johns. "Os desafios são similares." Mas ele alerta que ter apenas um seguro ou plano de previdência não resolverá os problemas financeiros dos trabalhadores. "A AARP Funds oferece os planos como parte de uma carteira diversificada de investimentos necessária para a aposentadoria."