Título: Número de 501 mortos deve subir
Autor: Soares, Elisa ; Silveira, Igor
Fonte: Correio Braziliense, 14/01/2011, Brasil, p. 6

Contabilização está longe de terminar porque ainda há locais ilhados. Previsão é de mais chuva

As fortes chuvas que ainda atingem a região serrana do Rio de Janeiro ¿ elas começaram na última terça-feira ¿ provavelmente entrarão para a memória do brasileiro como um fenômeno que provocou uma das maiores tragédias em território fluminense. O clima de férias na serra deu lugar a um cenário de destruição e morte: até às 23h15, foram identificados 501 corpos por peritos do Instituto Médico Legal (IML). A tendência é que, infelizmente, o número oficial de vítimas aumente. Isso porque as prefeituras locais contabilizam mais mortes do que a Polícia Civil.

Durante todo o dia de ontem, as imagens dos municípios atingidos pela chuva alternavam-se entre o salvamento de pessoas por equipes de resgate e voluntários, e o desespero de quem encontrou ¿ e de quem ainda busca ¿ um rosto conhecido entre as vítimas. Em todas as cidades, imensas filas se formaram em busca de informação. Ao mesmo tempo, equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil se embrenharam em bairros que ainda não haviam sido atendidos. É o caso, por exemplo, dos bairros de Santa Rita e Arrier, de Teresópolis, cujo acesso esteve impossibilitado na quarta-feira. Em Nova Friburgo, a Defesa Civil local chegou a suspender as buscas em função da continuidade das chuvas, mas o resgate foi retomado. Na cidade, onde se concentra o maior número de mortes, um comboio da Marinha segue para montar o hospital de campanha que atenderá as vítimas das chuvas.

O número de cidades onde foram detectados problemas em função das enchentes aumentou de terça-feira para ontem. E segundo o meteorologista Olívio Bahia Neto, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, as perspectivas não são boas: ¿A chuva deve continuar pelo menos até domingo, por causa de um fenômeno típico de verão, que é a presença de muitas nuvens carregadas na Região Sudeste. Agora, não faz mais diferença se a chuva será fraca ou não. O solo já está encharcado e a terra não absorve mais água. A tendência agora é de deslizamento¿, afirma.