Título: Volvo acerta contrato de US$ 400 milhões no Chile
Autor: Marli Olmos
Fonte: Valor Econômico, 28/01/2005, Empresas &, p. B7

O maior contrato de exportação de ônibus já fechado pela Volvo em todo o mundo foi assinado ontem pela subsidiária brasileira. A fábrica instalada em Curitiba será responsável pela venda de 1.157 dos 1.667 coletivos da marca que vão praticamente cobrir todo o projeto de um novo sistema de transporte urbano em Santiago a partir deste ano. O contrato dessa encomenda soma cerca de US$ 400 milhões. Dois terços da receita vão para a Volvo e um terço para as empresas encarroçadoras. Segundo o diretor da divisão de ônibus da Volvo do Brasil, Per Gabell, a montadora entregará os veículos já completos para o Chile. A Volvo comprará as carrocerias da Marcopolo, Caio e Busscar. Para atender o pedido, a montadora terá de abrir o segundo turno de produção na linha de montagem de ônibus, em Curitiba, o que resultará em contratação de mais operários. A Volvo ainda não divulgou os volumes de produção e vendas em 2004. Mas Gabell estima que o contrato com os chilenos representará facilmente a duplicação das vendas da empresa no exterior. O processo de negociação durou 18 meses. A Volvo do Brasil fornecerá os modelos articulados - veículos de 18,5 metros e capacidade para 160 passageiros - para três empresas de Santiago que participam do chamado Transantiago, o novo sistema de transporte na capital chilena. A matriz da companhia enviará da Suécia os 510 ônibus convencionais que também integram o contrato no Chile. Além da Volvo, os chilenos compraram 100 unidades do modelo H da coreana Daewoo para integrar o novo sistema de transporte público. O Transantiago começará a funcionar em agosto. Os novos ônibus serão integrados ao sistema gradualmente até agosto de 2006. Trata-se de um projeto de modernização do transporte público de Santiago semelhante aos modelo de Curitiba e o de Bogotá, na Colômbia, que buscam alternativas para o transporte de massa na América Latina. O modelo colombiano, conhecido como Transmilênio, é o que mais avançou até agora. Criado há quatro anos, o projeto colombiano foi inspirado nos corredores de Curitiba. Trata-se de uma espécie de metrô sobre rodas. A uma velocidade média de 26 quilômetros, o sistema consegue transportar até 32 mil passageiros por hora. Para os entusiastas do sistema, trata-se de uma alternativa de transporte de massa nas grandes cidades dos países em desenvolvimento, que não contam com verba necessária para linhas de metrô. Segundo técnicos do sistema de Bogotá, o custo de 300 quilômetros de Transmilênio daria para a construção de apenas 35 de metrô. Em Bogotá, a velocidade do transporte coletivo aumentou de oito para 26,2 quilômetros por hora. No Chile, o Transantiago deverá substituir os 3,5 mil operadores de transporte que hoje atuam na cidade. O sistema terá 25 quilômetros de corredores e 61 quilômetros de vias não segregadas. Segundo a Volvo, calcula-se que hoje há 970 mil automóveis e quase oito mil ônibus em Santiago, cidade com uma população de 5,8 milhões de habitantes. Com o uso crescente de carros, a opção por ônibus caiu em 10 anos de 59% para 42%. O que se pretende com o Transantiago é também reverter este processo