Título: Juros sobem para 119,97% ao ano
Autor: Bonfanti, Cristiane
Fonte: Correio Braziliense, 14/01/2011, Economia, p. 13

Os brasileiros começaram a sentir no bolso os efeitos das medidas do Banco Central (BC) para conter o crédito. Animados com a ampla oferta de opções de pagamento ao longo de 2010, os consumidores tiveram um choque ao deparar com juros mais salgados na hora de parcelar as compras. A taxa média para as pessoas físicas fechou dezembro em alta de 0,74%, subindo para 6,79% ao mês e 119,97% ao ano, revelou pesquisa da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). É o maior valor desde julho do ano passado.

No caso das empresas, a taxa média subiu 0,26%, chegando a 3,80% ao mês e a 56,45% ao ano. O encarecimento é consequência direta de uma série de iniciativas do BC para desaquecer o consumo e combater a inflação, como a retirada de R$ 61 bilhões dos bancos por meio do aumento do compulsório (dinheiro que fica depositado no BC). Outro ponto foi a restrição para empréstimos com prazos superiores a 24 meses para pessoas físicas.

¿A expectativa é de que os juros ao consumidor continuem a se elevar em 2011, inclusive por conta da perspectiva de aumento da taxa básica, a Selic¿, afirmou o coordenador do estudo e vice-presidente da Anefac, Miguel de Oliveira.

Cenário ruim no comércio

Jorge Freitas Especial para o Correio

Os lojistas estão preocupados com o aumento da inadimplência, resultado direto do excesso de endividamento dos brasileiros no fim do ano passado. A elevação do nível do calote e a necessidade de arcar com despesas tradicionais do período, como impostos, matrícula e material escolar, devem dificultar as vendas no início de 2011. O cenário desfavorável é completado pelas medidas do Banco Central (BC) para conter o crédito e o consumo, que já começam a surtir efeito na alta da taxa de juros. O quadro mais grave é esperado para os primeiros quatro meses.

O indicador de inadimplência da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) estima que as dívidas em atraso no primeiro quadrimestre de 2011 crescerão 5%. Em dezembro de 2010, elas caíram 4,4%. Com a liberação da segunda parcela do 13º salário, os consumidores quitaram seus débitos. As dívidas em aberto em 2010 atingiram em média o valor de R$ 250, representando parcelas de crediários de longo prazo que não haviam sido devidamente liquidados.

Aéreas têm alta de 23%

Gustavo Henrique Braga

Puxada pelo aumento da renda e pelo surgimento de uma nova classe média, a procura por passagens aéreas domésticas cresceu 23,47% no ano passado, conforme levantamento da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Nas rotas internacionais operadas por empresas brasileiras, a elevação foi de 20,38%. Apesar de a liderança do setor, em 2010, ter sido mantida pela TAM, com 42,81% de participação no mercado interno, as companhias de menor porte avançaram mais, como a Azul, com vendas 103,53% superiores às de 2009 e a terceira maior participação de mercado (6,05%).

Diante do aumento do número de passageiros, especialistas alertam para a necessidade de investimentos em infraestrutura aeroportuária. As negociações salariais voltaram a caminhar. O Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea) já admite oferecer reajuste de 9% para os funcionários que ganham o piso e de 8,2% para os demais. A categoria pede 10%, índice que será cobrado na próxima reunião, marcada para segunda-feira. ¿Falta muito pouco para chegarmos a um acordo¿, disse a presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbuíno.