Título: Amorim pede a Lamy mais clareza em novos textos
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 17/09/2007, Brasil, p. A2

O Brasil precisará cortar 14,5%, em média, as suas tarifas industriais aplicadas, num acordo da Rodada Doha usando coeficiente 19 na fórmula e sem flexibilidade, de acordo com estudo interno da Organização Mundial do Comercio (OMC). Com uso da regra de flexibilidade (cortar menos em 10% das linhas tarifárias), o corte médio seria de 12,5%. Quanto maior o coeficiente, menor o corte. Assim, com coeficiente 23, as reduções médias seriam de 9,3% ou 7,6% respectivamente.

Esses números começaram a circular as vésperas do encontro de ontem entre o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, em Genebra. A delegação brasileira ficou surpresa com informações de que a OMC tinha feito um estudo sobre as tarifas no país, e queria saber porque isso ocorreu e a pedido de quem. Amorim insistiu junto a Lamy que a segunda e provavelmente a definitiva versão dos textos agrícola e industrial, em novembro, seja equilibrada e clara.

Equilibrada, porque o atual texto agrícola dá margem para um acerto que tanto pode ser ambicioso como tímido. Já o texto industrial é incisivo, e seus números só admitem um acordo ambicioso. Amorim pediu clareza no texto agrícola, por exemplo, em torno dos resultados em cortes de tarifas, porque o atual não permite que os países identifiquem onde estão realmente as concessões, sobretudo em termos de cotas.

As intensas reuniões técnicas não resultaram em convergência de posições até agora, mas haveria avanços, segundo negociadores indicaram a ambos. Amorim e Lamy vêem possibilidade de os esboços agrícola e industrial serem acertados até novembro. No primeiro semestre de 2008, os países fariam então suas listas de concessões, com base no acertado. Mas boa parte dos negociadores em Genebra duvida desse cenário e mantém a previsão de que o acordo só sai com um novo presidente nos EUA, depois de 2009.