Título: BVA diversifica captação com FIDC de R$ 90 milhões
Autor: Carvalho, Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 17/09/2007, Finanças, p. C10

O Banco BVA acaba de lançar seu primeiro fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC). Lastreado em operações de crédito consignado, o fundo vai captar R$ 90 milhões e pode alcançar R$ 200 milhões em alguns meses. O fundo foi estruturado pelo UBS Pactual, tem como custodiante o Bradesco e as cotas sênior receberam a nota "Aaa.br" da agência de rating Moody's.

Além disso, está no forno outro FIDC, este lastreado em ativos de operações de crédito para empresas médias (middle market), que deve captar cerca de R$ 150 milhões.

O lançamento do FIDC é a mais recente sinalização dos bons resultados da reestruturação realizada pelo BVA no final de 2006, sob o comando de Ivo Lodo, executivo do mercado com passagem pelo Safra e J. Safra. Lodo não só assumiu a posição de principal executivo (CEO) como também tem uma participação de 4,5% do capital do banco. O presidente continua José Augusto Ferreira dos Santos, dono de 100% da BVA Empreendimentos S.A., dona de 95,5% do banco.

A reestruturação, sintetizou a agência Austin Rating, redesenhou o organograma funcional do banco, implantou novas políticas de atuação e sacramentou a opção por três focos de atuação - além do middle market, o crédito consignado e operações estruturadas.

Como parte da reestruturação, Lodo transferiu as operações do BVA para São Paulo onde havia três funcionários e agora são 146. No Rio, ficou a área da retaguarda das operações de crédito consignado, cujo quadro dobrou de 22 para 40 funcionários. Foram abertas três filiais (Campinas, Ribeirão Preto e Goiânia).

Um dos objetivos da reestruturação foi também sepultar os problemas de imagem que afetaram a instituição após a quebra do Banco Santos, no final de em 2004. As raízes do BVA remontam a 1983, quando o controlador fundou uma distribuidora em parceria com uma construtora (Ponto 3). Em 1988, surgiu a corretora; e, em 1994, o banco de investimentos e uma financeira. Em fevereiro de 2000, tornou-se banco múltiplo.

Assim como outros bancos pequenos e médios, o BVA sofreu o aperto de liquidez causado pela retração dos grandes investidores institucionais, após a quebra do Banco Santos, no final de 2004. Além disso, foi criticado pela compra de crédito tributário da Vale Trading.

Os números do balanço do primeiro semestre mostram que os primeiros resultados começam da reestruturação começam a repercutir no mercado.

Ao final de junho, os depósitos totais atingiram R$ 161,276 milhões, volume próximo dos R$ 202,859 milhões que possuía em novembro de 2004, quando o Banco Santos quebrou. Os depósitos do BVA chegaram a cair até R$ 49,325 milhões ao final de 2005, e estavam em R$ 68,95 bilhões quando Lodo assumiu.

A carteira de crédito também está se recuperando e chegou a R$ 236,521 milhões em junho, em comparação com R$ 198,215 milhões no final do ano passado e R$ 237,63 milhões no final de 2005. A carteira, disse Lodo, é puxada pelas operações de middle market, que representam 50% dos resultados do banco, de R$ 3,658 milhões no primeiro semestre. O BVA concede crédito para empresas com faturamento anual até R$ 1 bilhão, sempre garantidos por recebíveis. São operações com valor médio de R$ 1,2 milhão e giro de 75 dias. Além disso, oferece serviços como pagamento de fornecedores e, recentemente, passou a realizar operações de câmbio pronto.

No passado, realizava repasses do BNDES, mas esse negócio está sendo descontinuado e essa carteira limitava-se a R$ 96,7 milhões no final de junho.

Os outros 50% dos resultados são provenientes do crédito consignado e operações estruturadas. O BVA atua no crédito consignado desde 1999. Em julho passado, a produção mensal atingiu R$ 19 milhões e, atualmente, está em R$ 25 milhões. Essas operações são cedidas para outros bancos em um montante que situa-se em R$ 350 milhões. Produzem o crédito correspondentes terceirizados e a rede própria (Peg Cred), com 33 pontos.

O BVA também faz operações estruturadas como a realizada no início do ano para a Samcil.

Outro sinal positivo é o rating "BBB" que obteve da Austin e "BBB-" da LF Rating. A Austin relaciona como fatores a observar a concentração das operações de crédito e dos depósitos, embora sejam de longo prazo. E a LF, a forte concorrência no crédito consignado, especialmente no segmento de aposentados, e também no middle market.