Título: IGP-10 sobe 1,47%, mas alimento perde fôlego
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Fonte: Valor Econômico, 17/09/2007, Brasil, p. A4

A inflação de 1,47% medida pelo Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) entre os dias 11 de agosto e 10 de setembro em relação aos trinta dias anteriores, mostra perda de fôlego, apesar de o índice ser o maior desde junho de 2004, quando atingiu 1,50%, e representar alta de 0,83 ponto percentual em relação ao resultado do mês anterior. No ano, o índice de preços acumula alta de 3,85%. Nos últimos 12 meses, o avanço é de 5,63%.

De acordo com Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), as altas estão agora mais setorizadas, principalmente entre os alimentos, depois de avanços generalizados nos outros índices gerais de preços calculados pela FGV em agosto. Na sua opinião, o resultado do último IGP-10 indica que o índice perde fôlego no item alimentação.

"Antes, todos os produtos subiam na alimentação. Agora, mesmo os que estão em alta já apresentam desaceleração. Este é o primeiro sinal de que o processo não é tão explosivo como parecia", afirmou o coordenador do Ibre-FGV. Mais uma vez, a maior pressão para o índice fechado veio do atacado, que registrou alta de 2,06% no Índice de Preços do Atacado (IPA-10), diante da alta de 0,83% registrada no mês de agosto. A maior contribuição foi do setor agrícola, que subiu 6,04%, no maior crescimento desde dezembro de 2002, quando o IPA teve aumento de 6,84%.

Produtos como bovinos, leite e aves impulsionaram os últimos índices. Mas para o economista do Ibre-FGV, no entanto, a tendência é de que os próximos índices gerais de preços calculados pela entidade mostrem evolução menor. No IGP-10 de setembro esses produtos já apresentaram desaceleração. A diferença agora é que a pressão vem principalmente dos alimentos vegetais e não está mais generalizada. Os produtos bovinos, que em agosto contribuíram com 7,15% de aumento, em setembro avançaram apenas 2,98%, e o leite in natura, apesar de ter aumentado 11,42% em setembro, desacelerou em relação aos mais de 13% registrados no IGP-DI.

Mesmo assim, os produtos agropecuários pressionaram o grupo matérias-primas brutas, que subiu 6,22% em setembro, com peso especial dos agropecuários comercializáveis, que subiram 9,45%, na maior alta desde novembro do ano passado, quando houve crescimento de 10,14% impulsionado pelo uso da soja e do milho para produção de combustíveis. Desta vez, a forte demanda externa pelos produtos agropecuários comercializáveis foi ajudada pelo período da entressafra, que contribuiu para a aceleração dos preços.

Os preços industriais também apresentaram aceleração em setembro (0,25% para 0,75%), com avanço de preços de produtos químicos, máquinas e equipamentos, herbicidas, fertilizantes. Segundo Salomão Quadros, os IGPs podem encerrar o ano com variação em torno de 4,5% e 5,0%. "Com certeza não tem mais como ter IGPs de 4,0%, mas não é inevitável que ele tenha que ficar em 5,0%", afirmou.

Ele afirma que o desempenho do IGP-10 em setembro sinaliza que os IGPs virão com forte aceleração neste mês, mas que o comportamento de alta não deve continuar. "Não há fôlego para prosseguir porque o aumento de produtos de origem animal, como bovinos e aves, já estão desacelerando. Está claro que vai haver uma acomodação", afirmou.

(Agências noticiosas)