Título: Não barganho diz Lula sobre pressão do PMDB
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 28/09/2007, Política, p. A8

A demora na liberação de cargos e emendas e a pressão do PT e de setores do governo para que Renan Calheiros (PMDB-AL) deixe a mesa do Senado foram as principais causas identificadas pelo governo para a rebelião do PMDB no Senado. A rebeldia derrubou a medida provisória que criava a Secretaria de Ações de Longo Prazo, cujo titular era Mangabeira Unger, e forçou uma série de reuniões entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, e a cúpula do partido.

Ao término da maratona de encontros, Walfrido reconheceu que "precisamos ter mais cuidado para conversar individualmente com nossos aliados". Depois de um almoço no Planalto com a presença do ministro e lideranças pemedebistas, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou que "havia um problema de sintonia fina entre a bancada da legenda no Senado e o Planalto". Ele lamentou que essa carência não tivesse sido levada à liderança do governo ou ao Planalto, materializando-se no plenário da Casa com a rejeição da MP.

Jucá reconheceu que Renan teve papel preponderante na derrota. E criticou o PT, que insiste na licença do senador. "É claro que atitudes como essas não ajudam em nada". Walfrido reconheceu que o atraso na liberação das emendas atrapalhou. Não falou em cargos, mas admitiu que o senador José Maranhão (PMDB-PB) reclamou a demora na nomeação de um afilhado político no Banco do Nordeste. E que Paulo Duque (PMDB-RJ) ligou querendo conversar sobre "problemas do Rio".

Lula não acredita que a rebelião possa contaminar a CPMF. "Eu não temo porque as pessoas têm de ter responsabilidade. Essas coisas não são do meu interesse, são do interesse do Brasil", disse. Lula não quis se envolver na polêmica dos cargos: "Não barganho. Faço acordo programático. Esse é um problema que o líder do PMDB, o líder do governo no Senado e o coordenador político do governo vão resolver", declarou.

A senadora Ideli Salvati (PT-SC) afirmou que a decisão dos senadores foi um retrocesso ao esforço para normalizar o Senado, fragilizado por conta das acusações que pesam sobre Calheiros. " Vamos ter que avaliar o que aconteceu. Há questões e insatisfações do PMDB com o governo. Não tenho conhecimento sobre os pleitos do partido" , afirmou Ideli.