Título: Senador ganha credores no PMDB
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 17/09/2007, Política, p. A8

Vitorioso no plenário do Senado, mas enfraquecido no PMDB. Assim o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente da Casa, é visto por parlamentares do PMDB depois de sua absolvição no plenário do Senado, na quarta-feira da semana passada, por 35 votos pela cassação, 40 contra e seis abstenções. Na avaliação de pemedebistas, Renan saiu devedor do Palácio do Planalto, já que contou com apoio majoritário da base governista no Senado, e de setores do seu partido que permaneceram solidários, transformando-se em seus credores.

Essa dívida política contraída por Renan, segundo correligionários, torna seu poder mais equilibrado com o do PMDB da Câmara dos Deputados, representado, principalmente, pelos deputados Michel Temer (SP), presidente da sigla, e Henrique Eduardo Alves (RN), líder da bancada.

Antes dessa crise política que ameaçou seu mandato, e tornou-o quase um vilão para a opinião pública, Renan e o senador José Sarney (PMDB-AP) eram interlocutores privilegiados do partido com o Planalto. Eram acusados de atrapalhar qualquer negociação - principalmente por cargo - feita diretamente por Temer com o Planalto.

O presidente do Senado não pode se queixar de falta de apoio do comando do partido nesse episódio. Os deputados se mantiveram solidários, evitando articulações por cobranças a Renan. O ex-governador Orestes Quércia (SP) chegou a propor, em documento, o afastamento do presidente do Senado do cargo. A iniciativa foi contida por Temer e Henrique Alves.

Os deputados, agora, esperam contrapartida. De imediato, esperam solução para a nomeação de José Augusto Fernandes, indicado pela bancada de Minas Gerais para a diretoria Internacional da Petrobras. Durante o processo, houve rumores de que Renan e Sarney estariam trabalhando pela permanência do atual diretor, Nestor Serveró, técnico ligado ao senador Delcídio Amaral (PT-MS). O objetivo seria garantir o voto de Delcídio. Publicamente, o senador petista defendeu a cassação.

Outros pemedebistas menos ligados a Renan hoje são seus credores, como o senador Almeida Lima (SE), o mais aguerrido defensor da preservação do seu mandato. Ex-dissidente da bancada pemedebista, Almeida quer o comando do partido em Sergipe.