Título: FGV prevê alta de 5% para IGP-M este ano e pressão de serviços sobre o índice em 2008
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 28/09/2007, Brasil, p. A3

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) elevou a previsão do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) em um ponto percentual no intervalo de dois meses. A entidade estima que o índice, utilizado como referência para o reajuste de aluguéis, energia elétrica e outros contratos privados de serviços, vá fechar o ano em torno de 5%. Com a perspectiva, o coordenador de análise econômica da FGV, Salomão Quadros, já cogita a possibilidade de retomada da pressão de preços de itens administráveis, como serviços e tarifas, na inflação em 2008.

Em 12 meses, o IGP-M já acumula alta de 5,67%. Segundo Quadros, o patamar alcançado até setembro dificulta a reversão do quadro nos próximos três meses - ou seja, que o índice fique em torno dos 4% projetados em julho. "Até o fim do primeiro semestre, dava a entender que o IGP-M ficaria abaixo da estimativa de 4%, mantida até julho. Com a taxa de 5,67% no ano, essa previsão é impossível. É possível que fique pouco abaixo de 5%."

Para o coordenador do IGP-M, há espaço para uma leve desaceleração da taxa anualizada até dezembro, com a exclusão da série de 12 meses do choque agrícola do fim do ano passado. No último boletim Focus, divulgado semanalmente pelo BC, os analistas ajustaram para cima a previsão para o IGP-M, de 4,85% para 4,96% neste ano. Para 2008, a previsão está em 4,18%.

De acordo com a FGV, o IGP-M alcançou 1,29% em setembro, ante alta de 0,98% em agosto. O resultado neste mês foi o maior desde julho de 2004, quando houve alta de 1,31%. "Entre 2004 e agora, há elementos parecidos, mas não com a mesma intensidade e alcance setorial, que é muito menor hoje. Agora há pressão dos produtos agropecuários, ao contrário de 2004, quando atingiu também a siderurgia", explicou Quadros.

Para o coordenador do IGP-M, o ajuste maior dos preços dos produtos agrícolas já passou, principalmente com o equilíbrio da cadeia do leite e da carne, itens que puxaram a alta de preços nos últimos meses. No atacado, a carne bovina passou de uma elevação de 6,26% positivo em agosto para uma redução de 0,13% em setembro. No caso do leite in natura, houve desaceleração de 10,62% para 6,63%.

O Índice de Preços por Atacado (IPA) registrou alta de 1,83% em setembro depois do avanço de 1,31% no mês anterior. As maiores pressões vieram da soja, que passou de 3,50% para 11,89%, e milho (6,34% para 17,17%).

O segmento de matérias-primas brutas teve alta de de 5,85% em setembro, contra 4,26% no mês anterior. Os bens finais, que tinham subido 0,15% em agosto, apuraram agora expansão de 0,57%, sob influência dos alimentos in natura e combustíveis.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,21%, uma desaceleração frente ao ganho de 0,39% em agosto. O principal motivo da queda foi o grupo alimentação (1,24% para 0,11%). O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou aumento de 0,39%, levemente acima do ganho de 0,35% no mês anterior. (Agências noticiosas)