Título: R$ 500 mil para ajudar Goiás Velho
Autor: Alves, Renato
Fonte: Correio Braziliense, 14/01/2011, Cidades, p. 30

Ministra da Cultura anuncia liberação de verba, após o governo estadual decretar situação de emergência com base em relatório sobre os estragos

Os estragos provocados pelas chuvas que caem sobre Goiás Velho há duas semanas levaram o governo estadual a decretar situação de emergência no município distante 310km de Brasília. A medida se baseia em relatório divulgado pelo Corpo de Bombeiros na tarde de ontem. O levantamento aponta 50 casas sob ameaça de desabamento, duas completamente destruídas, oito pontes danificadas e 123 pessoas desalojadas. Em visita à localidade, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, anunciou a liberação de R$ 500 mil para reparos e conservação de imóveis centenários. Considerada patrimônio da humanidade, a cidade tem um centro histórico com 800 construções tombadas pela Unesco.

A Casa de Cora Coralina, mais importante ponto turístico da cidade, continua fechada. O imóvel, transformado em museu pela família da poetisa morta em 1985, fica à margem do Rio Vermelho. Ele transbordou na última segunda-feira, causando a interdição de três pontes e a perda total de dois casarões dos séculos 18 e 19, erguidos na parte mais baixa da cidade. No mesmo dia, as águas barrentas do rio, que subiu oito metros, invadiram o porão do museu de Cora Coralina. Funcionários retiraram o acervo às pressas, mas, no dia seguinte, retornaram com tudo. No entanto, quarta-feira, tiveram de remover os objetos novamente por causa da continuidade das chuvas e de nova ameaça de enchente.

Uma das pontes de madeira sobre o Rio Vermelho continua fechada ao trânsito, pois teve o alicerce danificado. Na zona rural, outras oito pontes, de madeira e de concreto, foram levadas por córregos e ribeirões. Além do trânsito dos moradores, os incidentes interromperam o escoamento da produção agrícola, principalmente leiteira, uma das bases da economia de Goiás Velho.

Ameaça anual Na presença do presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Luiz Fernando de Almeida, a ministra da Cultura recebeu o relatório dos estragos em Goiás Velho durante a visita ao município. Ela demonstrou preocupação com o patrimônio histórico. ¿É um lugar que eu queria conhecer há muito tempo pela beleza, pela parte histórica, pelo patrimônio. Uma cidade cenário de outra época e isso é muito raro no Brasil. Mas a visita me trouxe a preocupação de ter uma ameaça anual e a gente, do ministério, ter que correr e estar sempre em alerta para ajudar a mantê-la com a prefeitura e o estado¿, afirmou Ana de Hollanda.

A ministra destacou ainda que os R$ 500 mil liberados ontem deverão servir apenas como verba emergencial para ¿primeiros-socorros¿ e que a pasta ainda precisa definir as ações a médio e longo prazo. O presidente do Iphan lembrou que o escritório regional do órgão em Goiás Velho vem realizando um monitoramento permanente da situação de chuvas e dos consequentes riscos ao patrimônio local. Ele cobrou parcerias com outros ministérios para ajudar na liberação de recursos. ¿Esse é o grande desafio colocado para todos nós: entender que a preservação do patrimônio não é só um problema de política patrimonial mas também de política urbana e ambiental¿, concluiu Luiz Fernando de Almeida.

Antes de viajar

Para informações sobre as condições das rodovias estaduais goianas, ligue 0800 649 4000

Estrada liberada

A boa notícia para quem pretende visitar Goiás Velho é que finalmente está liberada ao tráfego a ponte metálica instalada provisoriamente na GO-070, sobre o Rio das Pedras, em Itaberaí (GO). No entanto, os motoristas precisam ter paciência. Ontem, no primeiro dia de trânsito livre, uma extensa fila de carros aguardava para fazer a travessia. A espera era de cerca de 40 minutos em cada um dos lados da ponte. Apenas veículos leves podem atravessar.

A equipe do Exército responsável pela instalação da ponte metálica permanecerá em Itaberaí até a conclusão das obras da travessia de concreto definitiva. A previsão é que ela fique pronta em seis meses. Itaberaí está a 38km de Goiás Velho e é caminho para quem sai de Brasília com destino à cidade histórica. A ponte que existia na GO-070 foi levada em 4 de janeiro pela correnteza do Rio das Pedras. Sem ela, os motoristas tinham duas opções: dar uma volta de 20km por estradas de terra, em Itaberaí, ou de mais de 50km, passando por Goiânia, Trindade, Claudinápolis, Itauçu e Mossâmedes.

Já em Goiás Velho, os motoristas enfrentam outro obstáculo. O anel viário do município foi parcialmente liberado na tarde de ontem, após passar a manhã fechado. A Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) iniciou reparos na cabeceira da ponte na GO-070, que teve a estrutura comprometida pelas chuvas que atingem a região.