Título: Três grupos têm interesse nos ativos da Vasp
Autor: Campassi, Roberta
Fonte: Valor Econômico, 28/09/2007, Empresas, p. B2

A companhia aérea OceanAir, a empresa de manutenção de aeronaves Digex e o grupo chinês Haide manifestaram publicamente propostas por ativos da Vasp, empresa aérea que parou de voar em fevereiro de 2005 e entrou em recuperação judicial em outubro do mesmo ano. Ontem, durante assembléia realizada em São Paulo, os credores da companhia estenderam o prazo para que as ofertas sejam apresentadas à Justiça.

A Digex ofereceu R$ 24 milhões pela unidade de manutenção da Vasp - único negócio que continua funcionando e presta serviço para terceiros - e se comprometeu a dar preferência aos atuais funcionários da empresa em processos de seleção. Segundo fonte próxima da Digex, a companhia tem ligação com o chinês Lap Chan, sócio do fundo americano MatlinPatterson, acionista da VarigLog e ex-acionista da "Nova Varig". O grupo Haide também estaria interessado na área de manutenção.

A OceanAir, por sua vez, manifestou interesse publicamente durante a assembléia de credores. A empresa de German Efromovich está disposta a comprar, por um valor não divulgado, as quatro unidades de negócio que foram criadas no plano de recuperação judicial da Vasp (manutenção, transporte de cargas, treinamentos e educação e serviços aeroportuários) e dar participação nos lucros aos credores trabalhistas.

Por enquanto, apenas a Digex encaminhou a proposta ao juiz Alexandre Lazzarini, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, responsável pelo processo da Vasp. A OceanAir deve enviar sua oferta nos próximos vinte dias, período estabelecido ontem pelos credores para que a Justiça receba as ofertas dos interessados. Anteriormente, o prazo para as apresentações terminava daqui a nove dias. As propostas vão competir num sistema de leilão, que poderá ocorrer já na próxima assembléia de credores agendada para 29 de outubro.

A manutenção dos interesses desses investidores, porém, depende do que será feito com as áreas que a Vasp aluga da Infraero. Considerados essenciais para as operações da companhia, os terrenos poderão ser retomados hoje pela estatal. A Vasp, porém, espera que o desembargador Pereira Calças, da 15ª Vara Cível, prorrogue o prazo até que as unidades sejam vendidas.

Além da venda das quatro unidades, os credores ainda precisam definir como ficarão suas participações nos cinco Fundos de Investimento em Participações (FIPs) que foram criados no plano de recuperação judicial. O leilão das cotas dos fundos deveria ter ocorrido ontem, mas foi suspenso por um mandado de segurança concedido ao Banco do Brasil, um dos credores.

Os fundos de participação congregam os ativos da companhia aérea, que incluem desde equipamentos terrestres e imóveis até créditos fiscais e ações na Justiça. Os credores vão trocar suas dívidas por quotas nesses fundos. O valor total dos ativos é de R$ 6,5 bilhões enquanto os passivos somam R$ 5,5 bilhões.