Título: Participação do crédito no PIB do Brasil ainda é pequena, 33%
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 28/09/2007, Finanças, p. C2

Na comparação com outros países, o Brasil ainda tem uma participação baixa do crédito no PIB, de 33%. Em países com a Malásia, China e Tailândia, este percentual fica em torno de 100%. Nos países desenvolvidos, como os Estados Unidos, chega a 164%, conforme dados do Banco Mundial.

Para os economistas do BNDES, entretanto, a tendência é de que o atual processo de expansão rápida do crédito no país siga em marcha, crescendo acima do PIB e ajudando a sustentar o crescimento econômico a taxas anuais entre 4,7% este ano e 5,1% em 2009. Para Ernani Torres, superintendente da Apae, a crise americana terá pouco impacto no Brasil, pois os bancos brasileiros não foram contaminados pelo subprime das hipotecas imobiliárias.

Torres está confiante que uma das âncoras deste processo será o crédito imobiliário. Na sua análise, a atividade do setor imobiliário no país vai explodir até o final da década. Neste prazo, o crédito para pessoa física vai continuar crescendo, mas acredita que os empréstimos para a compra de automóveis, por exemplo, que vêem liderando este segmento, vão desacelerar.

Segundo dados do trabalho da Apae, tem havido um elevado crescimento do financiamento habitacional a partir do ano passado. O volume de desembolsos no segmento de crédito direcionado com recursos de poupança (SBPE) atingiu R$ 9,3 bilhões em 2006, um aumento de 93% em relação a 2005 e mais de 200% frente aos desembolsos de 2004. "O número de unidades iniciadas na região metropolitana de São Paulo, que é usado como termômetro do setor, apresentou uma elevação de 18% no acumulado em 12 meses até maio de 2007", destaca o paper.

As estimativas feitas no estudo da Apae projetam um crescimento do crédito habitacional de 1,7% do PIB este ano, para 2,3% do PIB em 2008, alcançando 3,6% em 2009. Os empréstimos para a indústria saltarão de 7,3% para 8% do PIB no final da década. O crédito para as pessoas físicas, mesmo reduzindo seu ritmo, ainda vai liderar com expansão de 11,8% para 15% do PIB em 2009. O setor rural teria um aumento de financiamentos bancários de 3,4% do PIB em 2007 para 4% no final da década. Os demais setores responderiam dos atuais 9% do PIB para 10,2% do PIB. Neste período, os economistas projetam Selic caindo de 11,9% nominais para 10,2% nominais em 2009 e um IPCA subindo de 3,6% em 2007 para 4,3% em 2009.