Título: Ganho das commodities predomina e Ibovespa sobe 1,90%
Autor: Camba, Daniele
Fonte: Valor Econômico, 14/09/2007, EU & Investimento, p. D1

Nem a ata desanimadora da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) segurou o entusiasmo do mercado. O movimento de valorização das commodities falou mais alto e fez o Índice Bovespa fechar em alta de 1,90%, em 54.908 pontos. O aumento do petróleo, do minério de ferro e do níquel acerta em cheio o Ibovespa, já que as ações da Petrobras e da Vale do Rio Doce são as mais importantes do índice.

A escalada nos preços do petróleo se acentuou nos últimos dias. O contrato futuro da commodity para outubro negociado em Nova York fechou ontem em US$ 80,09. É a primeira vez na história que o barril ultrapassa os US$ 80. As ações preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras subiram 1,17% ontem. Para os analistas, não há sinais de que no curto prazo a tendência de alta do petróleo mude de direção. Apesar dos reajustes de preços da Petrobras terem uma dinâmica própria, de uma forma ou de outra a valorização do barril beneficia os números da companhia. Essa alta do petróleo é vista pelos analistas como a notícia que faltava para as ações da Petrobras deslancharem de uma vez por todas. No ano, as PNs sobem 14,28% enquanto o Ibovespa se valoriza 23,46%.

A China é que manda

O pregão de ontem foi ainda melhor para a Vale. As ordinárias (ON, com voto) da companhia subiram 3,56% e as PNs da sua controladora Bradespar, 3,78%. O mercado gostou de saber que a Vale e a Shell Brasil estão se unindo para desenvolver projetos de energia. "Isso reduz o risco da companhia não levar à frente aumentos de produção por falta de energia", diz o sócio da E.UM Investimentos Marcello Giancoli. O mercado também já começou a fazer suas apostas de como será o reajuste do minério de ferro para o ano que vem e as perspectivas não poderiam ser melhores. No primeiro semestre deste ano, os analistas acreditavam que, na melhor das hipóteses, o preço do minério em 2008 se manteria nos preços atuais. Hoje, a maioria dos profissionais acredita que haverá um reajuste entre 15% e 20% e alguns mais otimistas já falam de um aumento entre 25% e 30%. E qual seria o motivo de tanto otimismo? A resposta é: China. Apesar da desaceleração da economia americana - e que ninguém sabe ainda se passará a ser uma recessão -, a economia chinesa deve continuar crescendo acima de dois dígitos e demandando muito minério para atender a todo esse crescimento. "Esse cenário muda se houver recessão nos EUA, mas não é o que se espera, por enquanto", diz um analista.

Os papéis do setor imobiliário e bancário continuaram o movimento de valorização ontem. Mais um sinal de que os estrangeiros que venderam essas ações com medo da crise hipotecária americana aos poucos voltam a dar o ar da graça

Algumas ações de energia estiveram entre as maiores quedas do Ibovespa. As ONs da Eletrobrás caíram 0,58% e as PNBs, 0,25%. O diretor financeiro da companhia, Luiz Augusto Figueira, anunciou que as empresas controladas pela estatal poderão participar como concorrentes do leilão da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira.

O mercado não gostou da notícia de que Eugênio Staub deixará a presidência da Gradiente. As ONs da companhia caíram 16,98%, a maior queda da bolsa. Leia mais sobre Gradiente na página B4.