Título: "É o preço da estabilidade"
Autor: Cristiane Perini Lucchesi
Fonte: Valor Econômico, 28/01/2005, Finanças, p. C3

O presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, avalia que a decisão do BC de aumento nos juros é uma má notícia para a economia, mas entende que esse é o preço para garantir a manutenção da estabilidade. "É melhor pagar esse preço do que perder a credibilidade", disse, acrescentando que a trajetória de alta dos juros é conjuntural. Para o executivo da principal empresa petroquímica brasileira, a tendência é que o BC inicie uma trajetória de queda nos juros a partir do segundo trimestre do ano. "Um juro alto controla a inflação e um câmbio, ao redor de R$ 2,70, também ajuda, tirando pressão sobre os produtos importados. "Nesse momento começa a haver espaço para redução." No segundo trimestre, avalia Grubisich, deve haver uma mudança na trajetória dos juros e, no fim do ano, deve chegar a um nível menor do que é hoje. Segundo o executivo, ainda não se percebeu, pelo menos no setor de atuação da Braskem, efeitos de retração na demanda. Segundo José Roberto Ermírio de Moraes, presidente da Votorantim Industrial, principal área de negócios do grupo Votorantim, a tendência é de que os juros se estabilizem em um determinado patamar ao longo do ano, iniciando uma trajetória de queda e fechando ao nível de 17% por volta de dezembro. O problema, segundo ele, é que o Estado continua gastador, usando o juro alto para atrair recursos externos e financiar seu déficit orçamentário. "Juro alto e câmbio baixo são duas situações ruins para o país no médio e longo prazo", destacou o empresário. "Isso volta a deixar o país vulnerável."