Título: Instituição pode emprestar a clientes com nome sujo
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 28/01/2005, Finanças, p. C8

As instituições financeiras poderão conceder empréstimos, a partir de agora, para clientes com nome sujo - que estejam inscritos nos serviços de proteção ao crédito ou no cadastro de emitentes de cheques sem fundos. É o que fixa uma resolução aprovada pelo CMN, que transfere para bancos e demais empresas financeiras a responsabilidade de avaliar a capacidade de pagamento dos clientes. Segundo o diretor de Normas do Banco Central, Sérgio Darcy, os bancos deverão observar quatro princípios gerais na hora de conceder crédito: seletividade, garantia, liquidez e diversificação de riscos. O princípio da regra é que os bancos, mais do que os cadastros negativos, têm condições de conhecer o cliente. "É o caso da Casas Bahia", disse Darcy, referindo-se à experiência da rede varejista, que se apóia muito mais nos seus próprios critérios de avaliação do que nas restrições cadastrais. Darcy disse que um caso exemplar é dos clientes que, embora com nome sujo na praça, têm garantias para oferecer para os empréstimos. Darcy citou o caso de um amigo dele que, para colocar suas finanças em ordem, tentou pegar um empréstimo oferecendo um imóvel como garantia a sua casa - o banco, porém, recusou-se a fechar a operação apenas porque as regras do BC eram muito específicas em vedar empréstimos para quem tem o nome inscrito no serviço de proteção ao crédito. Um outro exemplo, disse, é um cliente que, pela primeira vez na vida, emite um cheque sem fundos - e procura crédito para resgatá-lo. "Obviamente, deverá prevalecer o bom senso dos bancos", disse. "Não vamos aceitar, por exemplo, a concessão de um empréstimo para quem tem longo histórico de caloteiro ou é um contumaz emitente de cheques sem fundos." Nesta hipótese, a fiscalização do BC poderá exigir que a instituição faça a provisão para cobrir possível perda do crédito. Para Darcy, a nova regra facilita a difusão do microcrédito. Ele disse que o Banco do Brasil sugeriu a mudança, pois restrições cadastrais impediam a oferta de crédito a clientes que, embora com restrições cadastrais, eram bons pagadores. (AR)