Título: Mercado espera uma maior oferta de financiamento
Autor: Flavia Lima
Fonte: Valor Econômico, 28/01/2005, EU &, p. D1

As expectativas são de crescimento acelerado para o segmento de financiamento imobiliário, puxado pelas novas regras aprovadas ontem pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para o setor. A previsão é de um volume de recursos superior a R$ 20 bilhões. Para o presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), José Augusto Viana Neto, o volume expressivo de recursos ligados à poupança - direcionados obrigatoriamente para o segmento habitacional - deve levar os bancos a alterar as regras, flexibilizando prazos, juros e limites de financiamentos. "Nos bancos privados, os juros são mais altos, os prazos mais curtos e a idade limite do tomador é mais baixa", diz. "A diferença com relação aos bancos públicos tende a diminuir." Segundo Viana Neto, o percentual médio de financiamento entre os bancos privados é de 50% do valor do imóvel, enquanto em um banco público ele pode chegar a 100%. O executivo diz ainda que os juros médios cobrados pelos privados estão em 12% ao ano para uma faixa salarial próxima a R$ 4 mil, mas é possível encontrar juros menores, de cerca de 8%, a depender da linha de financiamento. O prazo do financiamento dos bancos privados, segundo dados do Creci-SP, também é menor: de dez anos em média, para até 20 anos negociados pelos públicos. Luiz Antonio Rodrigues, diretor de Crédito Imobiliário do Itaú, rebate dizendo que condições de financiamento próximas daquelas oferecidas pelos bancos públicos dependem de leis que assegurem os direitos do credor. "Queremos emprestar recursos que não corram o risco de ir para a massa falida da construtora", diz. "Já o crédito para a pessoa física precisa ser dado com a certeza, em casos de inadimplência, da devolução de pelo menos do principal." No Itaú, diz Rodrigues, a expectativa é ampliar em 30% o volume de recursos para financiamento imobiliário em 2005, de R$ 825 milhões para R$ 1,1 bilhão. Empolgado com a oferta maior de recursos, o investidor pode esquecer que, além dos prazos e juros estabelecidos pelo banco, ele deve ficar de olho também nos custos adicionais do empréstimo. Rodrigues ressalta que os gastos com certidões e com a avaliação do imóvel são pagas pelo comprador. Viana Neto lembra também que o comprador muitas vezes se preocupa com os juros, mas esquece da atualização monetária - geralmente a Taxa Referencial (TR), hoje de 2% ao ano, mas que pode subir se os juros se elevarem. (F.L.)