Título: Crise aérea não acaba antes de março, diz Jobim
Autor: Rosas, Rafael
Fonte: Valor Econômico, 25/10/2007, Brasil, p. A4

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou ontem que a crise do setor aéreo não acaba antes de março, prazo dado para ele para resolver os problemas de pontualidade e regularidade ainda enfrentados pelo sistema. De acordo com Jobim, dos "três pilares fundamentais" do setor, pontualidade, regularidade e segurança apenas esse último já está equacionado.

"Não adianta tentar transferir a culpa para os passageiros e dizer que não é culpa da Anac, da Infraero ou da empresa. O sistema todo não funciona", disse.

O ministro reprovou ontem as condições do Terminal 1 do Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, após vistoria que contou com a presença do presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi, e do secretário de Transportes do Rio de Janeiro, Julio Lopes. Jobim confirmou que o aeroporto receberá R$ 70 milhões no ano que vem para investir na modernização do terminal. "As condições do Terminal 1 são péssimas, absolutamente péssimas", resumiu, após percorrer um trajeto em que encontrou pelo menos duas goteiras amparadas por baldes na área de circulação.

Segundo o ministro, as verbas para a reforma serão parte de um programa mais amplo de recuperação do aeroporto, que prevê também a redução da capacidade ociosa. O Galeão pode receber até 15 milhões de passageiros por ano e recebe hoje apenas 9 milhões. O objetivo é elevar essa circulação para 12 milhões de passageiros nos próximos anos.

Jobim espera terminar na próxima semana um estudo para definir que tarifas serão reduzidas e com qual intensidade no Galeão, como forma de incentivar o uso do aeroporto pelas empresas e passageiros. Entre as possibilidades estão quedas nas taxas de estacionamento de aeronaves, de embarque e de controle aéreo.

O governador do Rio, Sérgio Cabral, disse, após a abertura do 35º Congresso e Feira da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav), no Riocentro, que acredita no fim da crise aérea brasileira. Segundo ele, o problema será superado e a crise mais séria, que é a da falta de passageiros, não existe no Brasil. Segundo ele, o que falta é a melhoria da gestão dos aeroportos, o que se resolveria com a privatização da Infraero, estatal que hoje administra a maioria dos aeroportos do país. "Eu sou favorável à idéia do ministro Mantega (Guido, da Fazenda) de abrir o capital da Infraero e modernizar a gestão. A crise de infra-estrutura no país tem de ser encarada com investimento. Não se pode ter uma gestão engessada." (Com agências noticiosas)