Título: Britânico defende acordos de bitributação
Autor: Leo, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 25/10/2007, Brasil, p. A5

Os altos juros no Brasil ainda funcionam como um obstáculo aos investimentos no país, assim como a ausência de um acordo de bitributação com países grandes investidores, como a Inglaterra, disse o presidente da Confederação das Indústrias do Reino Unido (CBI), Martin Broughton, que está há três dias em visita ao Brasil, e fará hoje, em São Paulo, uma conferência sobre a privatização de aeroportos. Ele cobrou do governo uma ação mais eficaz para defender os biocombustíveis, contra a campanha que acusa esses produtos de ameaçarem a produção de alimentos e a Amazônia.

"Não aceito esse argumento, e creio que o governo brasileiro também não", comentou o empresário, em entrevista ao Valor. Ele defende que o Brasil contrate organismos de pesquisa independentes para apoiar os argumentos em favor de programas como o do etanol. Países com programas anti-econômicos de biocombustível, como os Estados Unidos e seu etanol de milho deveriam destinar suas colheitas para outras finalidades e "importar etanol dos países do terceiro Mundo, ajudando em seu desenvolvimento", defendeu Broughton, que vê no setor um forte campo de investimentos estrangeiros no Brasil.

O anúncio, pelos governos do Brasil e dos EUA, de avanços na negociação de um acordo para eliminar bitributação de empresas animou os britânicos, que esperam, agora, ver se os dois governos encontrarão uma solução técnica para a incompatibilidade entre os dois sistemas tributários (um voltado à cobrança de tributos na origem da mercadoria, outro no seu destino de venda).

Presidente da companhia aérea British Airways, ele garantiu que sua companhia, com sete vôos semanais para o Brasil, não tem enfrentado problemas sérios com o caos aéreo no país, e acaba de garantir na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a ampliação do número de vôos ao Brasil, que, para atender a demanda, passarão, no domingo a dez por semana, como na última temporada de verão.

Broughton, nos contatos com autoridades brasileiras, fez insistente campanha para que, nas negociações de liberalização comercial da Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil incentive os países em desenvolvimento a aceitarem maiores reduções nas tarifas de importação sobre produtos industriais.

Ele se disse bastante impressionado pela conversa que teve com o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, que, segundo afirmou, esclareceu as duvidas do setor privado britânico sobre o interesse do governo em concluir a chamada Rodada Doha, de liberalização de comércio, na OMC. O Brasil está engajado e, embora seja difícil, há chances de um bom resultado para a rodada, acredita o empresário.