Título: Exceções têm estratégias específicas
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 06/11/2007, Brasil, p. A3

Alguns fabricantes de produtos manufaturados - incluídos na lista do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) de maiores exportadores - vão na contramão e conseguem aumentar as vendas ao exterior. São elas: Embraer, Fiat, Scania, Whirpool e Renault. Fatores específicos explicam o bom desempenho de cada companhia.

A Embraer é o caso mais peculiar. Apesar da mão-de-obra ter um peso importante no custo da empresa, a fabricante de aviões importa boa parte de seus insumos do exterior, o que reduz os efeitos no câmbio. O patamar dólar também pouco influencia nos fechamentos de contratos, porque 96% dos clientes estão no exterior. Depois de manter as exportações estáveis em 2006, a Embraer aumentou suas vendas ao exterior em 34% de janeiro a setembro de 2007 em relação a igual período de 2006, para US$ 2,35 bilhões. A empresa, que é a terceira maior exportadora do país depois da Petrobras e da Vale, está correndo contra o relógio para manter a meta de entregar 165 aviões este ano.

Os dados da Whirlpool também impressionam. A multinacional aumentou as exportações em 62% de janeiro a setembro de 2007 em relação a igual período de 2006. Em 2006, a alta nos embarques foi de 122%. Segundo informações da empresa, no entanto, trata-se de um efeito puramente estatístico. Em abril de 2006, a companhia fez uma reestruturação societária que unificou Multibras (refrigeradores) e Embraco (compressores) sob o guarda-chuva da controladora. Logo, os indicadores de desempenho de vendas do exterior estão distorcidos, pois comparam dados da nova Whirpool com a antiga Embraco.

As montadoras Renault, Fiat e Scania estão aumentando as exportações, movimento inverso ao do setor automotivo. A francesa Renault elevou as exportações em 68% de janeiro a setembro deste ano em relação a igual período de 2006, para US$ 482 milhões. Conforme informações da assessoria de imprensa da empresa, esse resultado é conseqüência do início das exportações do novo modelo Logan, que é fabricado em São José dos Pinhais, no Paraná, e vendido para o México e a Argentina.

As vendas da fabricante de caminhões Scania subiram 7,5% nos primeiros nove meses deste ano em relação a igual período do ano anterior, para US$ 740 milhões. De janeiro a setembro de 2005 em relação a igual período em 2004, as exportações subiram 38%. De janeiro a setembro de 2006, comparado ao mesmo período de 2005, mais uma alta de 34%. O mercado de caminhões na América do Sul está muito aquecido, o que favorece as exportações, mas o ritmo de alta dos embarques já foi mais intenso. A Fiat também elevou as exportações em 27% nos primeiros nove meses do ano, para US$ 805 milhões. A montadora não retornou as ligações do Valor. (RL)