Título: Petrobras começa discussões hoje na Bolívia
Autor: Rosas, Rafael; Góes, Francisco
Fonte: Valor Econômico, 06/11/2007, Brasil, p. A6

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, reúne-se hoje, em La Paz, com o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, sob a expectativa do governo boliviano de que a estatal brasileira anuncie a retomada dos investimentos no país. A agência oficial de informação da Bolívia, disse ontem, em nota, que o encontro representa "um novo impulso aos acordos energéticos" entre os dois países.

Segundo a agência, as discussões passam por novas formas de cooperação e pela possibilidade de que a Petrobras opere o campo de Itaú em associação com a empresa francesa Total. Também participarão da reunião a diretora de gás e energia da Petrobras, Graça Foster, e o diretor da área internacional da estatal, Nestor Cerveró. Pelo lado boliviano estará presente o presidente de Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Guillermo Aruquipa.

A Petrobras não deu detalhes sobre a reunião, mas fontes da estatal sinalizaram que o aumento da produção de gás na Bolívia deve estar em pauta. Analistas do setor de energia no Brasil consideram que a Bolívia não é a solução de curto prazo para aumentar a oferta de gás natural, já que os investimentos vão demorar alguns anos para surtir efeito. Nesta ótica, a viagem de Gabrielli tentaria mostrar que a Petrobras busca solução para o problema, disse um observador.

Segundo ele, com investimento relativamente baixo a Petrobras poderia aumentar o transporte do gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol), cuja capacidade é de 30 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. A questão é de onde tirar mais gás natural na Bolívia, já que o país não consegue atender toda a demanda contratada pelo Brasil e pela Argentina e ainda suprir o seu consumo doméstico.

Ontem no Rio, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Bolívia, para discutir o fornecimento de gás natural, era "uma questão de acertar a data". Amorim afirmou que o Brasil tem necessidade de aumentar a oferta de gás natural disponível no mercado interno. Para isso, apontou, deve buscar incrementar a oferta do insumo, principalmente com reservas no Brasil e com a compra de gás dos vizinhos sul-americanos.

"Eu não sabia que existia essa vulnerabilidade. De qualquer maneira, com o Brasil crescendo 5% ao ano, que é o que todos queremos, o país vai ter necessidade de mais energia, que vai ter que vir de vários lugares, mas quanto mais vier do Brasil e da região, melhor", disse Amorim, após fazer a abertura da 2ª Conferência Nacional de Política Externa e Política Internacional, no Palácio do Itamaraty, no Rio.

O governo boliviano, informou por meio de sua agência oficial, que a agenda de Lula, segundo Morales, incluirá a negociação de um crédito de US$ 35 milhões em condições especiais para a entrega de tratores a agricultores bolivianos. Também em nota, a Petrobras informou que conseguiu cassar a liminar que a obrigava a fornecer 1,2 milhão de metros cúbicos/dia de gás natural para termelétrica William Arjona, no Mato Grosso do Sul, da Tractebel. A liminar havia sido concedida por um juiz local. (*Valor Online)