Título: Boato de barragem rompida leva pânico
Autor: Mariz, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 15/01/2011, Brasil, p. 7

Em meio ao desespero de pessoas perambulando pelas ruas e à falta de informações que tomou conta de Nova Friburgo, onde inúmeras vítimas das chuvas continuam ilhadas, uma onda de boatos assustou a população local na manhã de ontem. A notícia que circulou com rapidez pelo centro da cidade era de que uma barragem havia sido rompida pela força da água e inundaria toda a região central. Essa foi a senha para que se instalasse um pânico no município.

Houve correria. Pessoas em disparada em direção aos pontos mais altos da cidade, carros na contramão e prédios da prefeitura evacuados. O trânsito era interminável. Até os fuzileiros navais que trabalham na assistência médica e no resgate de vítimas do desastre orientavam a todos que procurassem lugares mais elevados, para fugir da suposta enxurrada que estaria por vir.

Depois de instalado o caos, funcionários da prefeitura e policiais militares desmentiram a notícia. O secretário municipal de Comunicação Social, David Massena, informou que o rompimento da barragem não passou de um boato. Segundo ele, mesmo que a barragem fosse rompida, as águas não seriam capazes de inundar o centro de Friburgo.

%u201CA imprensa tem veiculado que esse é o maior desastre do Brasil e as pessoas criam esse pânico. É natural. A gente mora numa cidade que é um vale. Todo mundo mora perto de encosta. Esse acidente não escolheu pobre nem rico. Então, todo mundo ficou muito apreensivo. Mas (a informação do rompimento da barragem) não passou de boato%u201D, afirmou o secretário, em entrevista.

O vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, também desmentiu o boato e fez um apelo para que os moradores tenham calma e evitem pegar as estradas. %u201CA gente pede que as pessoas guardem seus carros em casa e evitem ficar circulando pelas ruas. É um momento difícil, mas é preciso manter a calma. A difusão de boatos não interessa a ninguém%u201D, disse. Segundo moradores de Nova Friburgo, o boato teria se espelhado depois que um homem que andava em uma moto passou pelas ruas gritando que era preciso deixar a região porque uma represa tinha se rompido.

Três dias depois da tragédia ainda havia áreas isoladas na cidade, onde pessoas estão ilhadas e sem comunicação. Em muitos lugares, o acesso só é possível por meio de helicópteros. Uma agente da Defesa Civil do município disse ao Correio que a situação parece cada vez mais complicada, pois houve registro de novos deslizamentos e quedas de barreiras. Em muitos pontos faltam luz, água, alimento, combustível e o sinal de celular.