Título: PSDB do Senado busca consenso para CPMF
Autor: Lyra, Paulo de Tarso; Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 06/11/2007, Politica, p. A10

Daniel de Cerqueira/O Tempo/Folha Imagem - 25/10/2007 Sérgio Guerra: "A favor ou contra, o partido deverá estar unido. O pior negócio é o imposto ser aprovado e o PSDB sair todo rachado. Teremos unidade" O governo federal terá hoje um dos dias mais importantes na sua campanha de prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). O PSDB realizará duas grandes reuniões para deliberar sobre seu apoio ao pleito do governo. Na hora do almoço, a bancada no Senado começará o debate para avaliar como devem se comportar os 13 senadores tucanos. À noite, a executiva nacional definirá uma posição a ser seguida pela bancada. Nos dois encontros, os governadores da sigla terão de trabalhar muito para convencer os parlamentares a fazer a vontade do Palácio do Planalto.

Embora não esteja descartado adiar o fechamento de questão para outro momento, a maior tendência da bancada do Senado é se posicionar contra a prorrogação do tributo. O tema deverá ser levado como "uma tendência" para a reunião da executiva. Na conta tucana, oito ou nove senadores da bancada são contra a manutenção da CPMF. "Para ficar unido, o partido deverá se posicionar contra a CPMF", opina o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), um dos maiores opositores a esta aliança com o governo.

Para o senador, uma posição favorável ao tributo "não passa na bancada". Para a legenda votar com o governo, deverá haver forte trabalho dos governadores da legenda. José Serra (São Paulo) e Aécio Neves (Minas Gerais) são os maiores interessados na manutenção do imposto.

Nas duas reuniões do dia, o que se observará será o trabalho de Serra e Aécio para convencer os senadores convictos de que a CPMF é um imposto ruim, injusto, a não extingui-lo. "A favor ou contra, o partido deverá estar unido. O pior negócio é o imposto ser aprovado e o PSDB sair todo rachado. Teremos unidade", garante o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), futuro presidente da legenda.

Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conclamou os senadores e terem responsabilidade. "Estou convencido de que as responsabilidades dos senadores vai fazer com que seja aprovada a CPMF. Até porque foi feito um acordo para a questão da Saúde, que vai levar boa parte do dinheiro da CPMF. Portanto estou tranqüilo, acho que não tem nenhum problema e a CPMF vai passar", disse o presidente, ao se referir ao acordo feito na semana passada, durante a votação da regulamentação da Emenda 29 na Câmara.

Lula disse que os ministros Guido Mantega (Fazenda), Paulo Bernardo (Planejamento) e Walfrido dos Mares Guia (Articulação) têm conversado diariamente com os líderes no Senado. Além de atender a algumas exigências do PSDB (que fez uma lista de pedidos para votar com o governo), talvez a bancada tucana ainda reivindique uma posição definitiva e clara de Lula em relação aos debates sobre um possível terceiro mandato do presidente. O líder da bancada, Arthur Virgílio (AM), tem dado reiteradas declarações exigindo do presidente uma posição.

Lula falou das demandas tucanas. "Não se trata de concessões. Na medida em que puder ser feito algum ajuste para atender alguma demanda que possa significar algum benefício para uma parcela da sociedade, nós vamos ver se é possível atender", afirmou. Além de reivindicar maiores investimentos na saúde, os tucanos também querem maior repasse da Cide aos Estados e corte de impostos nos investimentos em saneamento. Mantega terá duas reuniões, hoje, para apresentar uma proposta final aos tucanos.