Título: Vale cria centro de tecnologia com BNDES
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 06/11/2007, Empresas, p. B8

A Vale do Rio Doce anuncia hoje a criação de um Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Energia (CDTE) para desenvolver pesquisas e know-how tecnológico na área de fontes energéticas renováveis, usando biomassa. O BNDES deve ser acionista da Vale no negócio. O CDTE vai contar com investimentos dos dois investidores de cerca de R$ 220 milhões nos próximos três anos, apurou o Valor.

A Vale não quis adiantar nada sobre o projeto, informando apenas que Roger Agnelli, presidente da companhia, estará em São José dos Campos (SP) para assinar o convênio de criação do CDTE com a prefeitura local e com o BNDES.

O programa de pesquisa do CDTE prevê o desenvolvimento de tecnologia brasileira ambientalmente sustentável, envolvendo atividades nas áreas de gaseificação de carvão térmico e de biomassa, incluindo o uso de cana-de-açúcar como combustível.

A Vale vai gerir o centro, inclusive contratando pesquisadores e celebrando acordos de cooperação tecnológica do CDTE com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), que desenvolve tecnologia industrial, e com a Escola de Engenharia de São Carlos.

A busca de fontes de energia alternativa ao seu sistema dominado por hidrelétricas é uma prioridade da Vale. Internamente, a empresa já vinha buscando criar uma equipe em sua área de energia para pesquisar fontes alternativas, como a utilização do carvão térmico, combustíveis renováveis e gás natural.

Ao ter como uma de suas linhas de pesquisa a gaseificação de carvão térmico indica que a mineradora busca tecnologia mais limpa para aplicação e venda do produto no futuro. Para a Vale, o carvão é uma matriz energética de longo prazo, apesar das críticas de ambientalistas.

A mineradora considera o produto um negócio estratégico, altamente demandado pelos países asiáticos, incluindo a China. E tem investido nessa área. O plano da Vale é ser uma das cinco maiores produtoras mundiais de carvão até 2010. Nos próximos quatro anos, estima alcançar uma produção de 30 milhões de toneladas, garantindo assim sua entrada no time das gigantes deste mercado, como BHP Billiton.

Este ano, a Vale adquiriu seu primeiro ativo de carvão, a AMCI Holdings Australia por US$ 835 milhões. A CVRD Australia, novo nome da empresa, produziu este ano, de maio a setembro, 1,8 milhão de toneladas - 1,48 milhão de carvão metalúrgico e 335 mil toneladas de carvão térmico. Até dezembro, a produção poderá totalizar 2,9 milhões de toneladas. Outro projeto no país é o de Belvedere, para 8,5 milhões de toneladas ao ano até o fim da década. Boa parte desta produção deve ser vendida no mercado asiático, principalmente China e Índia, grandes consumidoras de carvão.

Em Moçambique, a Vale desenvolve um megaprojeto na região de Moatize. A previsão é produzir 12 milhões de toneladas a partir de 2010 ou 2011.

No Brasil, a Vale tem planos de construir térmicas a carvão. A primeira delas, de Barcarena, no Pará, está em fase de audiência pública.