Título: País prepara reunião de emergentes para discutir Doha
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 29/10/2007, Brasil, p. A2

O Brasil aumenta a pressão na Rodada Doha, preparando uma reunião de ministros do G-20 e dos outros grupos em desenvolvimento para 15 de novembro, em Genebra, antecedendo os textos finais para eventual acordo agrícola e industrial. O embaixador brasileiro junto à OMC, Clodoaldo Hugueney, prefere nâo falar de aliança dos países em desenvolvimento, mas de esforço para obter equilibrio na negociação. "O G-20 sempre disse que trabalha por entendimento até o fim do ano."

Os países em desenvolvimento representam dois terços dos 150 membros da OMC. Estão de acordo sobre dois dos três pilares da negociação agrícola: combate aos subsídios à exportação e às subvenções domésticas, que derrubam preços internacionais. Mas no terceiro, sobre acesso ao mercado, há claras diferenças. Os mais pobres, da África, Caribe e Pacifico, têm preferências para vender para Europa e EUA e temem a erosão dessa vantagem com a redução das tarifas de importação para países como Brasil e Argentina. Além disso, o G-20 é um grupo para negociação agrícola. Dentro dele, há quem não queira misturar a discussão com a negociação de produtos industriais, onde o racha entre alguns emergentes é evidente.

Hoje ou amanhã, o Uruguai, em nome do Mercosul, apresentará a proposta por flexibilidade adicional, de 10 para 16% das linhas tarifárias, e nenhum limite sobre o volume de importações, para proteger indústrias do bloco. O curioso é que o Mercosul não menciona coeficiente, que determinará o corte tarifário em geral. Ou seja, não engessou sua demanda, deixando margem para a negociação.