Título: Às vésperas da TV digital, lojas livram-se de estoque
Autor: Facchini ,Claudia
Fonte: Valor Econômico, 26/09/2007, Empresas, p. B5

Benjamin Sicsu, executivo da Samsung: "A guerra de preços é diária" Às vésperas do lançamento da TV digital no Brasil - as primeiras transmissões comerciais serão realizadas em dezembro -, as indústrias e os varejistas estão tentando eliminar os estoques de televisores de LCD e plasma convencionais, que não exibem imagens em alta definição. O Brasil, que adotou o padrão japonês de transmissão digital, também optou pelo sistema HD ("high definition"). No entanto, muitos dos aparelhos vendidos até agora no país não possuem uma resolução grande o suficiente para exibir os programas em alta definição.

Boa parte dos televisores ofertados pela Casas Bahia, que ontem colocou propagandas nos jornais anunciando "a maior venda de plasma e LCD da história", não possuía alta resolução de imagens. Consultada pelo Valor, uma vendedora da rede informou, por telefone, que nem a TV de plasma de 42 polegadas nem a TV de LCD de 37 polegadas eram HD. O aparelho de plasma de 42 polegadas, da marca LG, custava R$ 3 mil e o televisor de 37 polegadas, da Philips, foi anunciado por R$ 3,5 mil. Segundo a atendente, se fosse HD, o televisor de 37 polegadas da LG sairia por R$ 4 mil. As TVs de plasma, tecnologia que vem sendo substituída pelo LCD, também estão perdendo atratividade e ficam cada vez mais baratas.

"A guerra de preços é diária", afirma Benjamin Sicsu, vice-presidente de novos negócios da Samsung. Com a chegada da TV digital, que irá estimular ainda mais a demanda pelos novos televisores, essa disputa tende a se intensificar. Segundo ele, as vendas de LCD e plasma podem alcançar a marca de 1 milhão de aparelhos ainda neste ano. Em 2006, foram comercializados apenas 300 mil.

Ninguém sabe ainda, porém, quanto custarão os televisores digitais de última geração nem por quanto sairão os conversores (set-top boxes). Estes conversores terão de ser comprados pelos consumidores que já compraram os seus aparelhos de LCD e plasma caso eles queiram assistir aos programas que as emissoras começarão a transmitir digitalmente a partir de dezembro.

Como todas as especificações técnicas já foram definidas pelo governo, as indústrias já podem fabricar no Brasil os primeiros televisores com tecnologia digital embutida, bem como os conversores. No entanto, as indústrias querem que o governo mude a lei e permita a importação de placas para baratear os produtos neste primeiro momento. Segundo Sicsu, a empresa só poderá dizer por quanto irá vender os novos televisores depois de definida a carga tributária.

A acelerada erosão dos preços mudou as negociações entre as indústrias e as varejistas, que agora exigem compensações dos fabricantes. Os preços caem tão rápido que as lojas não têm tempo de vender os estoques pelo valor antigo. A Gradiente, por exemplo, viu-se engolida por este rodamoinho e mergulhou numa crise.