Título: Areva deve investir 40 milhões de euros em fábrica de Canoas
Autor: Capela, Maurício
Fonte: Valor Econômico, 29/10/2007, Empresas, p. B11

Julio Bittencourt / Valor Guillemot, presidente mundial da Areva Transmissão e Distribuição, pretende aplicar mais 2 milhões de euros em Itajubá (MG) Philippe Guillemot, o presidente mundial da divisão de transmissão e distribuição da estatal francesa Areva, desembarcou no Brasil disposto a reforçar a imagem do grupo. E em meio a encontros com a clientela nacional, formada por indústrias de porte e empresas de energia, este francês de 45 anos, que ocupa o cargo há mais de 3 anos, ainda precisou arrumar tempo para uma conversa reservada com o alto escalão da filial brasileira. Afinal, não é todo dia que se discute a duplicação da capacidade produtiva de uma fábrica.

Guillemot e o diretor-presidente da Areva para a América do Sul, Sérgio Gomes, informaram ao Valor que a multinacional estuda dobrar a produção da operação de Canoas (RS), o que, em outras palavras, a faria saltar dos atuais 12 mil megaVolt Ampères (MVA) para 24 mil MVA em curto espaço de tempo. E a idéia, que demanda investimento próximo dos 40 milhões de euros, é acrescentar nova linha de transformadores de energia à operação.

"A decisão será tomada em breve. ", afirma o presidente mundial. Além de Canoas, a estatal tem no Brasil uma unidade em Itajubá (MG), que fabrica equipamentos de alta voltagem; e em São Paulo (SP), que além de maquinário de média voltagem, ainda reúne a força de vendas e a automação, entre outros.

Contudo, os prováveis 40 milhões de euros, que serão gastos em etapas e não de uma única vez, não são o único investimento que a multinacional está disposta a fazer por aqui. Segundo o presidente mundial, a Areva também vai aplicar 2 milhões de euros na operação mineira nos próximos anos, sendo que a metade desse recurso será utilizada na implantação de uma área para tecnologia de reatores.

"A Areva tem planos de aplicar globalmente 200 milhões de euros para aumentar a capacidade fabril", acrescenta Guillemot. Ou seja, alguns investimentos na operação local estão contemplados na cifra.

No entanto, ao contrário do Brasil, não é o setor de transmissão e distribuição o grande gerador de receita para a empresa. Na verdade, a principal fonte de negócios da empresa no mundo é a venda de maquinário para as usinas nucleares. Sozinha, essa área corresponde a 67% dos negócios.

Apesar da pujança nuclear, a empresa anda de olho mesmo é no segmento de energia renovável a partir da biomassa e eólica. E é justamente essa área que faz aumentar o interesse da multinacional pelo Brasil. Tanto que, do ponto de vista financeiro, a perspectiva é muito boa. Estima-se que existam ordens de pedido próximo dos 100 milhões de eurosno país.

Mas para os executivos da Areva, a idéia não é fabricar equipamentos para a geração de energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar ou da casca de arroz. O objetivo com a entrada no setor do insumo renovável é gerenciar a atividade ao colocar os equipamentos em funcionamento. Para isso, as filiais da companhia no país e na Alemanha já começaram a trocar informações sobre como gerir melhor a produção de energia renovável.

Muito embora as perspectivas nesse segmento sejam boas no país, em termos da receita atual o negócio ainda é incipiente. Os cálculos do diretor-presidente da Areva no Brasil mostram que a filial deverá alcançar algo como 250 milhões de euros no ano, sendo que 170 milhões de euros virão das atividades de transmissão e distribuição. E neste montante não está incluso as exportações de 30 milhões de euros, que tem nos Estados Unidos um dos principais destinos "O restante é basicamente nuclear, mas com alguma colaboração das fontes renováveis", afirma Gomes.

No mundo, a situação se inverte um pouco, já que o peso da nuclear é muito maior. Representa 67% dos quase 11 bilhões de euros de venda. Cabe, portanto, a distribuição e transmissão a parcela restante dos negócios.

Só que a divisão de transmissão e distribuição anda disposta a diminuir essa diferença ao aplicar uma boa soma de recursos em pesquisa e desenvolvimento. Tanto é assim que esta área da multinacional francesa calcula que 30% dos negócios virão de novos produtos já em 2008. No ano passado, os novos produtos representaram apenas 10% das operações dessa divisão. "Gastamos algo como 140 milhões de euros em pesquisa e desenvolvimento", conta Guillemot.