Título: Diretor da Aneel diz que risco faz parte do modelo
Autor: Rosas, Rafael; Santos, Chico
Fonte: Valor Econômico, 08/11/2007, Brasil, p. A4

O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Romeu Rufino afirmou ontem, que não se pode descartar riscos de desabastecimento de energia no sistema elétrico brasileiro no médio prazo, apesar do sucesso dos leilão de energia nova para entrega em 2012. "O leilão feito em 2007 para entrega em 2012, um ano sinalizado como preocupante, foi um sucesso", ressaltou.

Segundo o Rufino, o leilão da chamada energia A-5 atendeu "plenamente" a demanda das distribuidoras. Mesmo assim, ele ressalvou que a existência de algum risco é intrínseca ao modelo elétrico brasileiro. "Não posso afirmar (que não há risco de apagão). Da forma como é modelado o sistema brasileiro, que depende muito de energia hídrica, o próprio sistema já trabalha com um nível de risco. Não existe risco zero de racionamento. Agora, qual o tamanho do risco? Tudo está sendo feito para mitigar qualquer risco acima do tolerado pelo modelo", afirmou.

O diretor minimizou ainda o risco de curto prazo para o sistema elétrico. De acordo com ele, o despacho das usinas termelétricas determinado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) não significa que o país esteja na iminência de uma crise energética. Rufino disse que as termelétricas fazem parte do sistema interligado para economizar água dos reservatórios das hidrelétricas nos períodos de estiagem. "As térmicas são feitas para isso e existem para serem acionadas. A matriz energética é feita para usar as térmicas."

Sem querer entrar na discussão sobre o desvio de gás de outras atividades para acionar as térmicas, alegando não ser tema da competência da Aneel, Rufino afastou apenas o risco de que falte gás para o acionamento das térmicas no curto prazo. Segundo ele, o órgão regulador "tem trabalhado" com as controladoras das usinas para que elas cumpram os compromissos de geração firmados.

Na semana passada, a Petrobras reduziu o envio de gás para distribuidoras do Rio e de São Paulo para cumprir o termo de compromisso firmado com a Aneel para a geração de eletricidade a partir de termelétricas. A estatal foi obrigada, por liminar, a retomar o fornecimento para CEG e CEG-Rio, do Rio de Janeiro, o que comprometeu por alguns dias a geração de energia elétrica nas térmicas a gás.

Rufino evitou comentários sobre a multa de R$ 84,6 milhões aplicada pela Aneel sobre a Petrobras em agosto pela falta de gás para operar térmicas despachadas pelo ONS. (*Do Valor Online)