Título: Ao lado de Aécio, Lula critica pequenez política
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 08/11/2007, Politica, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que é preciso acabar com a "pequenez política" no país. Ao lado do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), Lula disse que rivais na política não precisam ser inimigos para o resto da vida. "Fazemos parte de uma geração que poderia dar novo exemplo à política brasileira. [...] Essa pequenez política tem que acabar nesse Brasil a bem do país", disse ele durante inauguração de um centro de especialidades médicas em Belo Horizonte (MG).

Lula deu como exemplo a relação entre jogadores de futebol. "Quando tem um jogo no Mineirão entre o Atlético e o Cruzeiro, os jogadores do Atlético vão com brutalidade para cima do Cruzeiro [e vice-versa]. Não pensem que eles passam o resto da vida um com ódio do outro. Possivelmente na mesma noite estejam jantando juntos, fazendo atividades. A política poderia ter esse ensinamento para as coisas serem facilitadas."

Lula alfinetou ainda os parlamentares de oposição - que resistem em aprovar a prorrogação da CPMF até 2011. Os senadores do DEM e PSDB ameaçam votar contra. "Quando somos deputados pensamos de um jeito. Quando viramos governadores, presidentes ou prefeitos, a gente pensa que nem sempre o jeito que a gente pensava é o correto para administrar. E quem foi pro Executivo e volta para o Legislativo não tem direito de cometer os mesmos erros."

Aécio disse que Lula tem boa vontade para negociar a prorrogação da cobrança da CPMF com a oposição. "Eu senti do presidente, sinceramente, boa vontade e disposição de conversar com a oposição. Agora essa boa vontade e essa disposição têm que se transformar em uma proposta concreta, repito, que desonere os tributos para a sociedade brasileira, aumente os investimentos na saúde e divida um pouco melhor o bolo tributário com Estados e municípios", disse Aécio depois de cerimônia do aniversário de 50 anos da Usiminas, em Belo Horizonte (MG).

Aécio afirmou que conversou com Lula sobre a CPMF e que a bancada do partido deve votar contra a cobrança se o governo não melhorar sua proposta. "Houve uma reação contrária dos senadores em relação à proposta extremamente tímida apresentada pelo governo. Disse isso ao presidente e caberá ao governo agora criar as condições ou demonstrar disposição de apresentar uma proposta que desonere de forma efetiva e vigorosa os tributos no país", disse o mineiro. "Senão, infelizmente, a tendência que eu colho dos senadores do PSDB é se posicionar contrariamente."

No entanto, Aécio disse que o presidente pode optar por tentar aprovar a CPMF sem o PSDB. "Pode ser que o governo prefira votar com a sua base. Talvez seja suficiente. Eu não tenho essa avaliação detalhada, mas do jeito que está, com uma proposta tímida como essa, que ainda tira recursos dos Estados e dos municípios, através do Imposto de Renda, certamente o PSDB não se colocará a favor."

Aécio afirmou que disse a Lula que será difícil para o PSDB negociar o seu apoio sem mudanças na proposta. "Acho que ele está avaliando. Vai fazer uma avaliação com a sua base. Tem um tempo ainda para a votação final em plenário".