Título: Política dá o tom em troca de comandos
Autor: Schüffner, Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 25/09/2007, Brasil, p. A5

Rafael Andrade/Folha Imagem José Eduardo Dutra, novo presidente da BR Distribuidora: sem barganhas José Eduardo Dutra assumiu ontem a presidência da BR Distribuidora dois anos após ter renunciado ao cargo de presidente da Petrobras para disputar e perder uma vaga no Senado pelo Estado de Sergipe. A posse de Dutra teve a presença de boa parte da elite política de Sergipe. Estavam lá o governador Marcelo Déda (PT), o prefeito de Aracajú, Edvaldo Nogueira (PCdoB), o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) e até o presidente da Assembléia Legislativa do Estado, Ulisses Andrade (PSDB).

Em seus discursos, tanto Dutra, que tomava posse, quanto José Sergio Gabrielli, que o sucedeu na presidência da Petrobras e ontem lhe entregou o novo crachá, lembraram as críticas que ambos receberam quando foram nomeados.

Dutra lembrou, com uma ponta de mágoa, "comentários preconceituosos" noticiando que um "político e sindicalista" iria assumir a maior estatal do país. Gabrielli também se referiu a críticas à sua chegada, dizendo ter sido chamado de "um maluco professor da universitário da Bahia que era só acadêmico". Gabrielli mencionou a herança que Dutra deixou, como a postura mais agressiva da estatal nos leilões da ANP, a exploração de campos maduros, a retomada dos investimentos em refino, a entrada no GLP com a compra da Agip Liquigás e a revisão dos contratos das termelétricas.

Em entrevista após a posse, Dutra discordou dos termos "barganha política" e "prêmio de consolação" . "Não acho que tenha havido troca de votos para aprovar o que quer que seja", respondeu ao ser perguntado sobre as especulações de que a indicação de diretores da Petrobras contribuiria para que o governo conseguir os votos para manter a cobrança da CPMF.

Maria das Graças Foster, que assumiu ontem à tarde a diretoria de Gás e Energia da Petrobras em cerimônia privada, deu posse a seu sucessor no início da noite deixando o local sem dar entrevistas. Segundo nota da assessoria da estatal, ela disse em seu discurso de posse que pretende "colocar a capacidade de tocar projetos", que afirmou ser o que sabe fazer, para, "junto a esta excepcional equipe de profissionais que vieram de diversos segmentos técnicos da Petrobras, desenvolver os negócios da área de Gás e Energia".

As mudanças na diretoria da Petrobras não devem se restringir ao afastamento de Ildo Sauer. A diretoria de exploração e produção, hoje comandada por Guilherme Estrella, pode ir para Paulo Roberto Costa, atualmente no Abastecimento. Como Sauer às vésperas da sua demissão, Estrella também está em férias.

Para o lugar de Costa no Abastecimento, o nome mais falado tem sido o de Alan Kardec, ex-gerente executivo de Refino. Antes subordinado a Costa, e em meio a especulações sobre sua para o Abastecimento, Kardec foi afastado pelo diretor e hoje trabalha como assessor da presidência. É apoiado pelo ex-ministro do Turismo e hoje ministro de Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, do PTB mineiro.

Para o lugar do diretor da área internacional, Nestor Cerveró, o deputado federal Michel Temer (PMDB-SP) defende a nomeação de João Augusto Fernandes, que foi diretor da BR na época de Joel Rennó e saiu quando Philippe Reichstul assumiu a presidência da Petrobras, em março de 1999. A diretoria financeira da BR está vaga há quase sete meses, desde a saída de Nelson Guitti. Maria das Graças vinha acumulando o cargo junto com a presidência da BR. (Colaborou Rafael Rosas, do Valor Online)