Título: Brasil Brokers capta 13 vezes a receita
Autor: Valenti, Graziella
Fonte: Valor Econômico, 08/11/2007, Empresas, p. B1

Nem passado glorioso, nem projeto detalhado. Muito menos, nome conhecido na praça. Mesmo sem se encaixar no perfil das tipicamente mais atrativas, a recém-constituída Brasil Brokers conseguiu um feito no mercado de aberturas de capital do pós-crise. A companhia encontrou espaço para fazer uma colocação secundária de ações do tamanho da primária. Foram R$ 608 milhões no total: metade com papéis dos acionistas e o restante, com novas ações, para capitalizar a empresa.

Neste ano, excluindo a Bovespa Holding, só Cremer, Wilson Sons, Log-in e Tegma conseguiram um mix parecido na oferta, entre primária e secundária. É o quinto caso num universo de 60 estréias na bolsa. E o primeiro desde que o discurso de seletividade do investidor começou a ganhar força.

O inusitado da Brasil Brokers é ainda maior considerando que se trata de uma companhia do setor imobiliário e que a colocação foi destinada a investidores "qualificados" - que possuem familiaridade com o universo financeiro e aplicações de, no mínimo, R$ 300 mil. Quando foi apresentada ao mercado, há meses circulavam comentários de que não haveria mais espaço para operações do setor de construção, dada a grande quantidade de ofertas ocorridas no primeiro semestre. Com a emissão primária, a Brasil Brokers colocou R$ 304 milhões em seu caixa: valor quase 13 vezes superior ao faturamento líquido do primeiro semestre, de R$ 23,5 milhões. Essa posição pode chegar a R$ 425,6 milhões, ou 18 vezes a receita dos seis primeiros meses do ano, caso a operação alcance os R$ 821 milhões potenciais com o lote suplementar de papéis, que pode ser vendido até fim de novembro.