Título: Resultado de plebiscito sobre leilão da Vale é adiado para outubro
Autor: Balarin, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 25/09/2007, Política, p. A8

Organizadores do plebiscito sobre a privatização da Vale do Rio Doce decidiram ontem, em reunião na CUT em Brasília, postergar para outubro a divulgação do resultado da consulta, realizada entre os dias 2 e 9 de setembro. A previsão inicial era de que a contagem final fosse anunciada hoje.

De acordo com Misa Boito, membro do diretório nacional do PT, a tabulação dos dados deverá levar mais uma semana e os organizadores pretendem articular audiências com representantes dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário para os dias 9 e 10 de outubro. "Há estados que ainda não terminaram a apuração e a greve dos Correios retardou um pouco o envio dos dados", explicou Misa.

Na reunião de ontem também ficou decidido que não mais seriam anunciados resultados parciais da apuração. Na sexta-feira, a CUT nacional informou que, de 191,8 mil votos apurados, 96,87% foram contra a permanência da Vale nas mãos do capital privado. Os organizadores acreditam que até 12 milhões de pessoas possam ter votado no plebiscito, que contou com cerca de 40 mil urnas espalhadas em 27 estados. Além da pergunta sobre a anulação da privatização da Vale, o plebiscito questionava o pagamento dos juros das dívidas externa e interna, o preço da energia elétrica e a reforma da previdência.

Com relação à Vale, a avaliação dos organizadores é de que já há uma vitória política porque conseguiu pautar uma discussão nacional. "Basta ver a reação da companhia, que colocou na rua uma forte campanha de mídia, e de membros do governo Fernando Henrique", disse um dos organizadores.

Nos últimos dias, nomes como o ex-ministro Paulo Renato de Souza e o ex-secretário geral da Presidência, Eduardo Graeff, publicaram artigos defendendo a privatização. Paulo Renato comparou a evolução da mineradora nos últimos dez anos com a da Petrobras. "A receita da Vale cresceu 7,5 vezes e a da Petrobras, 4,5 vezes; o emprego multiplicou-se por 3,5 na Vale e por 1,5 na Petrobras", afirmou o ex-ministro, para quem os "movimentos sociais prestariam melhor serviço ao país se passassem a cobrar melhores políticas e resultados da gestão da Petrobras, em vez de lançarem a idéia esdrúxula de reestatização da Vale".

Os organizadores do movimento criticaram as opiniões públicas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra Dilma Rousseff de que a privatização da Vale está consolidada. Segundo eles, há ainda ações judiciais em aberto.