Título: Terceirização avança no setor financeiro
Autor: Carvalho ,Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 25/09/2007, Finanças, p. C4

A terceirização de serviços - conhecida como offshoring - cresce no setor financeiro, apurou pesquisa global realizada com bancos internacionais pela consultoria Deloitte.

No ano passado, mais de 75% das instituições financeiras pesquisadas faziam alguma forma de terceirização de serviços. Cinco anos antes, em 2001, quando a Deloitte fez pesquisa semelhante, o percentual era inferior a 10% dos entrevistados. O número de equipes trabalhando em núcleos no exterior dobrou, disse o sócio-diretor da Deloitte, Clodomir Félix.

Com o aumento das atividades terceirizadas, os ganhos obtidos cresceram. Metade das instituições financeiras que realizaram o offshoring conseguiu reduzir os custos em 40%; em 2001, a economia era ligeiramente acima de 10%. Segundo a pesquisa, atualmente, pode-se economizar de 20% e 70% por processo.

A estratégia do offshoring começou com a busca de mercados com mão-de-obra mais barata, mas com qualidade técnica e domínio da língua que pudessem realizar a um menor custo e com qualidade igual serviços de tecnologia como o desenvolvimento de softwares, lembrou Félix.

Agora, o espectro de atividades terceirizadas aumentou bastante, passando a incluir o processamento de informações das áreas de recursos humanos, pesquisas e outras transações.

Antes, no máximo dois processos de negócios eram terceirizados; agora até seis o são. A tendência é crescente até 2010, confirma a pesquisa da Deloitte.

Mas o controle tem que ser rigoroso e a terceirização não pode perder de vista a estrutura de negócios. "Se a atividade não estiver alinhada, há risco de controle e de qualidade", disse Félix.

Uma questão que tem preocupado as instituições financeiras que estão fazendo offshoring é a dúvida entre comprar empresas prontas ou construí-las do zero. outra alternativa é combinar as duas alternativas. "As empresas estão revendo as escalas e os escopos", disse o sócio da Deloitte.

Não são poucas as instituições financeiras que estão também pensando em oferecer serviço de unidades terceirizadas para outras empresas. Por muitos anos os consultores tentaram, com pouco sucesso, levar as instituições financeiras a compartilhar processos duplicados de negócios. A Deloitte acredita que o offshoring pode tornar realidade o compartilhamento de atividades de retaguarda nos bancos.

Até onde a tendência pode ir? Há limites, disse o especialista. "O core business, por exemplo, jamais poderá ser terceirizado." As empresas precisam controlar esse processo. Apesar de serem cada vez mais globais, as decisões são centralizadas. Mas ainda há muito espaço a ocupar, afirmou.

Outra mudança em relação à pesquisa realizada em 2001 pela Deloitte é a entrada da China no mapa do offshoring. Negócio inicialmente dominado pela Índia, o offshoring agora tem a China como palco de um terço das operações das instituições financeiras. "A China está correndo atrás. E a Índia terá que manter a capacidade de formar pessoas com talento para não perder lugar no mercado", disse Félix.

Um grande desafio futuro para os responsáveis pelas decisões de offshoring dentro dos bancos é lidar com os processadores especializados que começam a surgir, em algumas áreas como hipotecas, cartões de crédito e financiamento do comércio exterior.