Título: Lula pede a BNDES desembolsos de R$ 100 bi em 2010
Autor: Rosas ,Rafael
Fonte: Valor Econômico, 02/10/2007, Brasil, p. A5

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem ao presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que a instituição lute para atingir R$ 100 bilhões em desembolsos em 2010. O valor foi sugerido em reunião que antecedeu cerimônia de assinatura de operações de apoio financeiro a cooperativas de catadores de materiais recicláveis, na sede do banco, no Rio de Janeiro.

Durante discurso, Lula afirmou que o Brasil vive um momento econômico singular, depois de três décadas de fraco desempenho econômico, e que os economistas, "por mais críticas que tenham ao governo", devem admitir que o país nunca esteve tão "arrumado". Segundo Lula, o Brasil atualmente não precisa mais "tomar antibióticos".

"Temos que nos convencer que antibiótico a gente dá quando o paciente está muito enfermo. Quando ele está na rua, na avenida Atlântica fazendo sua ginástica, ele não precisa mais de antibiótico, precisa de vitamina C. E vitamina C é isso que a gente está fazendo aqui, pegando as pessoas que precisam de um empréstimo para produzir e dizendo que não vai faltar dinheiro", disse o presidente.

Durante o almoço, Coutinho apresentou a Lula o desempenho da instituição nos últimos 12 meses, período em que os desembolsos atingiram R$ 62 bilhões e as aprovações já superaram os R$ 90 bilhões. Coutinho evitou fazer prognósticos sobre as chances de o BNDES conseguir atender ao pedido de Lula, mas não descartou a hipótese de romper a barreira dos R$ 100 bilhões no atual governo.

"É difícil dizer agora, mas é claro que, se mantivermos a ascensão verificada nos últimos dois anos, três anos, ela pode chegar nesse nível que o presidente mencionou. Eu gostaria de chegar lá, mas não quero fazer prognóstico, porque temos que trabalhar semana a semana, mês a mês", ponderou Coutinho.

Segundo o presidente do BNDES, é importante que o investimento não fique apenas na esfera de influência da instituição de fomento, mas que o sistema bancário e o mercado de capitais ajudem no financiamento às atividades produtivas. "O investimento produtivo no Brasil precisa crescer para sustentar a economia brasileira, conciliando crescimento, estabilidade de preços e aumento da capacidade para prevenir gargalos que gerem inflação."

Coutinho afirmou que, se o BNDES mantiver a atual fatia do bolo de investimentos na economia brasileira, o total de desembolsos da instituição pode atingir R$ 70,5 bilhões em 2008, contra projeção de R$ 62,5 bilhões para o fechamento deste ano. "Nós vamos certamente aumentar o desembolso no ano que vem, mas se chegará a R$ 70 bilhões, um pouquinho mais ou menos, vamos ver", disse o presidente do banco.

Ele afirmou ainda que mantém conversas com o Tesouro Nacional e o Ministério da Fazenda para tentar aumentar o patrimônio de referência do banco em R$ 3 bilhões, de forma a fazer frente ao atual crescimento de aprovações de financiamento.

Os contratos assinados ontem atenderão a 24 cooperativas de catadores de materiais recicláveis. Elas receberão R$ 16,4 milhões, o que beneficiará 1.492 trabalhadores. Esses recursos não precisam ser reembolsados.